O Inimigo Ă© Mais Útil que o Amigo

A tua atitude emerge do que costumas dizer: «Ainda sou capaz de utilizar quem é por mim. Mas prefiro, por comodidade, mandar o meu adversårio para o outro campo e abster-me de agir sobre ele, a não ser pela guerra».
Ao proceder assim, nĂŁo fazes mais que endurecer e forjar o teu adversĂĄrio.
E eu cĂĄ digo que amigo e inimigo sĂŁo palavras da tua lavra. É certo que especificam qualquer coisa, como definir o que se passarĂĄ se vos encontrardes num campo de batalha, mas um homem nĂŁo se rege sĂł por uma palavra. Sei de inimigos que estĂŁo mais perto de mim ou que me sĂŁo mais Ășteis ou que me respeitam mais do que os amigos. As minhas faculdades de acção sobre o homem nĂŁo estĂŁo ligadas Ă  sua posição verbal. Direi mesmo que actuo melhor sobre o meu inimigo do que sobre o amigo: quem caminha na mesma direcção que eu, oferece-me menos oportunidades de encontro e de troca do que aquele que vem contra mim, disposto a nĂŁo deixar escapar a mĂ­nima palavra ou gestos meus, que lhe podem sair caros.