As Vantagens de se Ser um Pobre-Diabo
Para aquele que nĂŁo Ă© nobre, mas dotado de algum talento, ser um pobre-diabo Ă© uma verdadeira vantagem e uma recomendação. Pois o que cada um mais procura e aprecia, nĂŁo apenas na simples conversação, mas sobretudo no serviço pĂșblico, Ă© a inferioridade do outro. Ora, sĂł um pobre-diabo estĂĄ convencido e compenetrado em grau suficiente da sua completa, profunda, decisiva, total inferioridade e da sua plena insignificĂąncia e ausĂȘncia de valor, tal como exige o caso. Apenas ele, portanto, inclina-se amiĂșde e por bastante tempo, e apenas a sua reverĂȘncia atinge plenos noventa graus; apenas ele suporta tudo e ainda sorri; apenas ele conhece como obras-primas, em pĂșblico, em voz alta ou em grandes caracteres, as inĂ©pcias literĂĄrias dos seus superiores ou dos homens influentes em geral; apenas ele sabe como mendigar; por conseguinte, apenas ele se pode tornar um iniciado, a tempo, portanto, na juventude, naquela verdade oculta que Goethe nos revelou nos seguintes termos:
Sobre a baixeza
Que ninguém se lamente:
Pois ela Ă© a potĂȘncia,
NĂŁo importa o que te digam.
Em contrapartida, quem jĂĄ nasceu com uma fortuna que lhe garanta a existĂȘncia irĂĄ posicionar-se, na maioria das vezes,
Textos sobre Pés de Arthur Schopenhauer
2 resultadosFaçam a Barba, Meus Senhores!
A barba, por ser quase uma mĂĄscara, deveria ser proibida pela polĂcia. AlĂ©m disso, enquanto distintivo do sexo no meio do rosto, ela Ă© obscena: por isso Ă© apreciada pelas mulheres.
Dizem que a barba Ă© natural ao homem: nĂŁo hĂĄ dĂșvida, e por isso ela Ă© perfeitamente adequada ao homem no estado natural; do mesmo modo, porĂ©m, no estado civilizado Ă© natural ao homem fazer a barba, uma vez que assim ele demonstra que a brutal violĂȘncia animalesca – cujo emblema, percebido imediatamente por todos, Ă© aquela excrescĂȘncia de pĂȘlos, caracterĂstica do sexo masculino – teve de ceder Ă lei, Ă ordem e Ă civilização.
A barba aumenta a parte animalesca do rosto e ressalta-a. Por essa razĂŁo, confere-lhe um aspecto brutal tĂŁo evidente. Basta observar um homem barbudo de perfil enquanto ele come! Este pretende que a barba seja um ornamento. No entanto, hĂĄ duzentos anos era comum ver esse ornamento apenas em judeus, cossacos, capuchinhos, prisioneiros e ladrĂ”es. A ferocidade e a atrocidade que a barba confere Ă fisionomia dependem do facto de que uma massa respectivamente sem vida ocupa metade do rosto, e justamente aquela que expressa a moral. AlĂ©m disso, todo o tipo de pĂȘlo Ă© animalesco.