Textos sobre Profundos de MarquĂȘs de Vauvenargues

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Textos de profundos de MarquĂȘs de Vauvenargues. Leia este e outros textos de MarquĂȘs de Vauvenargues em Poetris.

Da Profundidade do EspĂ­rito

A profundeza Ă© o termo da reflexĂŁo. Quem quer que tenha o espĂ­rito verdadeiramente profundo, deve ter a força de fixar o pensamento fugidio; de retĂȘ-lo sob os olhos para considerar-lhe o fundo, e reduzir a um ponto uma longa cadeia de ideias; Ă© principalmente Ă queles a quem esse espĂ­rito foi dado que a clareza e a justeza sĂŁo necessĂĄrias. Quando lhes faltam essas vantagens, as suas vistas ficam embaraçadas com ilusĂ”es e cobertas de obscuridades. No entanto, como tais espĂ­ritos vĂȘem sempre mais longe do que os outros nas coisas da sua alçada, julgam-se tambĂ©m mais prĂłximos da verdade do que os demais homens; mas estes, nĂŁo os podendo seguir nas suas sendas tenebrosas, nem remontar das consequĂȘncias atĂ© a altura dos princĂ­pios, sĂŁo frios e desdenhosos para com esse tipo de espĂ­rito que nĂŁo podem mensurar.
E, mesmo entre as pessoas profundas, como algumas o sĂŁo em relação Ă s coisas do mundo e outras nas ciĂȘncias ou numa arte particular, preferindo cada qual o objecto cujos usos melhor conhece, isso tambĂ©m Ă©, de todos os lados, matĂ©ria de dissensĂŁo.
Finalmente, nota-se um ciĂșme ainda mais particular entre os espĂ­ritos vivazes e os espĂ­ritos profundos, que sĂł possuem um na falta do outro;

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O Bom Senso

O bom senso nĂŁo exige um juĂ­zo muito profundo; parece antes consistir em sĂł perceber os objectos na proporção exacta que eles tĂȘm com a nossa natrueza ou com a nossa condição. O bom senso nĂŁo consiste entĂŁo em pensar sobre as coisas com excesso de sagacidade, mas em concebĂȘ-las de maneira Ăștil, em tomĂĄ-las no bom sentido.
Aquele que vĂȘ com um microscĂłpio percebe, certamente, mais qualidade nas coisas; mas nĂŁo as percebe na sua proporção natural com a natureza do homem, como quem usa apenas os olhos. Imagem dos espĂ­ritos subtis, eles Ă s vezes penetram fundo demais; quem olha naturalmente as coisas tem bom senso.
O bom senso forma-se a partir de um gosto natural pela justeza e pelo mediano; Ă© uma qualidade do carĂĄcter, mais do que do espĂ­rito. Para ter muito bom senso, Ă© preciso ser feito de maneira que a razĂŁo predomine sobre o sentimento, a experiĂȘncia sobre o raciocĂ­nio.