A Imortalidade Pela Literatura, a Filosofia Como Meio de a Aceder
Simone de Beauvoir: Com que contava para sobreviver – na medida em que pensava sobreviver: com a literatura ou com a filosofia? Como sentia a sua relação com a literatura e a filosofia? Prefere que as pessoas gostem da sua filosofia ou da sua literatura, ou quer que gostem das duas?
Jean-Paul Sartre: Claro que responderei: que gostem das duas. Mas há uma hierarquia, e a hierarquia é a filosofia em segundo e a literatura em primeiro. Desejo obter a imortalidade pela literatura, a filosofia é um meio de aceder a ela. Mas aos meus olhos ela não tem em si um valor absoluto, porque as circunstâncias mudarão e trarão mudanças filosóficas. Uma filosofia não é válida por enquanto, não é uma coisa que se escreve para os contemporâneos; ela especula sobre realidades intemporais; será forçosamente ultrapassada por outros porque fala da eternidade; fala de coisas que ultrapassam de longe o nosso ponto de vista individual de hoje; a literatura, pelo contrário, inventaria o mundo presente, o mundo que se descobre através das leituras, das conversas, das paixões, das viagens; a filosofia vai mais longe; ela considera que as paixões de hoje, por exemplo, são paixões novas que não existiam na Antiguidade;
Textos sobre Realidade de Jean-Paul Sartre
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Ser Ă© Escolher-se
Para a realidade humana, ser Ă© escolher-se: nada lhe vem de fora, nem tĂŁo-pouco de dentro, que possa receber ou aceitar. Está inteiramente abandonada, sem auxĂlio de nenhuma espĂ©cie, Ă insustentável necessidade de se fazer ser atĂ© ao mais Ănfimo pormenor. Assim, a liberdade nĂŁo Ă© um ser: Ă© o ser do homem, quer dizer, o seu nada de ser. (…) O homem nĂŁo pode ser ora livre, ora escravo; ele Ă© inteiramente e sempre livre, ou nĂŁo Ă©.