O Amor Ă© um Acidente, uma RenĂșncia, um HĂĄbito, uma Maldição

O amor Ă© um acidente.
Eu estava sentada no regaço de uma mulher de cobre, uma escultura de Henry Moore, e Bill debruçou-se sobre mim e beijou-me nos lĂĄbios. E de repente eu amava-o. Amava-o e sĂł isso importava. Reparei nas mĂŁos dele, mĂŁos de pianista. MĂŁos preparadas para o amor. Ainda hoje gosto de lhe ver as mĂŁos enquanto folheia um livro, enquanto lĂȘ um jornal. As mĂŁos dele envelheceram, envelheceram a apertar outras mĂŁos, milhares de outras mĂŁos, a jogar golfe, a assinar autĂłgrafos e documentos importantes. Envelheceram, sim, mas continuam belas. Continuam a excitar-me.
O amor Ă© uma renĂșncia. Amar alguĂ©m Ă© desistir de amar outros, Ă© desistir por esse amor do amor de outros. Eu desisti de tudo. A partir desse dia dei-lhe todos os meus dias. Entreguei-lhe os meus sonhos, os meus segredos, as minhas convicçÔes mais profundas. NĂŁo me queixo!
NĂŁo sou ingĂ©nua nem estĂșpida. Quando digo que o amor Ă© uma renĂșncia, quero dizer que foi assim para mim. Para Bill foi sempre uma outra coisa. Eu sabia que ele reparava noutras mulheres, e que outras mulheres reparavam nele. Um homem feio, com poder, Ă© quase bonito. Um homem bonito,

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