Passagens de António de Oliveira Salazar

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A felicidade é um estado de satisfação da alma, expressão de harmonia total entre as nossas aspirações e as realidades da vida. E por isso julgo mais simples atingir a felicidade pela renúncia do que pela procura e satisfação de necessidades sempre mais numerosas e intensas. A busca da felicidade exige, com efeito, supomos nós, um contínuo estado de insatisfação.

Política de Verdade

(…) Represento uma política de verdade e de sinceridade, contraposta a uma política de mentira e de segredo. Advoguei sempre que se fizesse a política da verdade, dizendo-se claramente ao povo a situação do País, para o habituar à ideia dos sacri­fícios que haviam um dia de ser feitos, e tanto mais pesados quanto mais tardios.
Advoguei sempre a política do simples bom senso contra a dos gran­diosos planos, tão grandiosos e tão vastos que toda a energia se gastava em admirá-los, faltando-nos as forças para a sua execução.
Advoguei sempre uma política de administração, tão clara e tão sim­ples como a pode fazer qualquer boa dona de casa — política comezinha e modesta que consiste em se gastar bem o que se possui e não se despen­der mais do que os próprios recursos.

A Aspiração de Todo o Bom Português

Enquanto a aspiração de todo o bom português for, na frase de um escritor, um casamento rico e um emprego público; enquanto o diploma for o caminho mais seguro e cómodo para uma colocação certa embora pouco rendosa, e nos não disserem como um inglês ilustre a um professor da França que lhe mostrava os numerosos certificados das suas habilitações: «Nós não precisamos de diplomas, Senhor, precisamos de homens»; enquanto for uma inferioridade a vida de trabalho e um sinal de distinção a ociosidade, uma população numerosa e fútil há-de cursar as escolas secundárias e superiores, e tudo o que exige trabalho e rasgada iniciativa será abandonado; a agricultura, o comércio, a indústria, todas as fontes de riqueza nacional ficarão desaproveitadas, desprezadas, a meterem dó, quando podiam ser a honrosa ocupação de tantos e a salvação e a prosperidade de todos nós.

Pesa-nos a autoridade, atrofia-nos a disciplina, seduz-nos o hiper-criticismo por motivos fúteis, parece-nos salutar entretenimento descartar homens e destruir governos.

A Paz Social

Não nos seduz nem satisfaz a riqueza, nem o luxo da técnica, nem a aparelhagem que diminua o homem, nem o delírio da mecânica, nem o colossal, o imenso, o único, a força bruta, se a asa do espírito os não toca e submete ao serviço de uma vida cada vez mais bela, mais elevada e nobre. Sem nos distrair da actividade que a todos proporcione maior porção de bens e com eles mais conforto material, o ideal é fugir ao materialismo do tempo: levar a ser mais fecundo o campo, sem emudecer nele as alegres canções das raparigas; tecer o algodão ou a lã no mais moderno tear, sem entrelaçar no fio o ódio de classe nem expulsar da oficina ou da fábrica o nosso velho espírito patriarcal.
Duma civilização que regressa cientificamente à selva separa-nos sem remissão o espiritualismo — fonte, alma, vida da nossa História. Fugimos a alimentar os pobres de ilusões, mas queremos a todo o transe preservar da onda que cresce no Mundo a simplicidade de vida, a pureza dos costumes, a doçura dos sentimentos, o equilíbrio das relações sociais, esse ar familiar, modesto mas digno da vida portuguesa — e, através dessas conquistas ou reconquistas das nossas tradições,

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Não é de patriota nem de político abandonar o futuro às contin­gências da sorte, não criar para uma obra condições de duração e de estabilidade. Por definição só fica feito o que perdura.