Passagens de António Vieira

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Se as dores inconsoláveis podem ter alguma consolação e alívio, é a semelhança ou companhia de outrém, que as padeça iguais.

É tão grande o sabor do alheio, é tal a doçura e suavidade do que se furta, que até pão e água, se é furtado, é manjar muito saboroso.

Tanto foi em todas as idades do mundo e tanto é hoje, na curiosidade humana, o apetite de conhecer o futuro!

O certo é que toda a fortuna tem jurisdição no amor: se é adversa, ninguém vos ama; se é próspera, a ninguém amais.

O fruto, quando está maduro, se se não colhe, cai e apodrece. Não está a felicidade em viver muito, senão em viver bem.

Prudência é o Saber Acomodar

Espaçosa esfera é a do entendimento para discorrer por todos os objectos, e contudo tem seus intervalos em que acha comodidades o corpo: não descansa este no silêncio da noite, sem que aquele se esconda no mais interior da alma. Ainda o discorrer demasiado, dando voltas ao entendimento, é arriscar a que dê o entendimento uma volta; e como é arriscado o discorrer sem termo, não é o menos perigoso o luzir sem pausa. Seus intervalos hão-de ter os luzimentos grandes, e nem por isso deixarão de ser lúcidos intervalos, quando o saber acomodar é para melhor luzir; por isso o Sol é o melhor dos planetas, porque sabe acomodar suas luzes à dureza do diamante, como à brandura da cera; e os mesmos raios que infundem a dureza no bronze, se acomodam aos melindres de uma flor. Prudência é o saber acomodar, para melhor luzir e viver.
Brilhar com demasiado luzimento nas acções, mais estorva os aplausos do que os granjeia; porque, na opinião de Séneca, não sabem os homens aplaudir senão aquilo que só podem imitar. Com ser a luz do Sol o mais agradável objecto à vista, contudo, se é grande o excesso de seus ardores,

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Como o que há basta para a ambição dos presentes, não querem aventurar nada com a esperança, porque possuem o que nunca esperaram.

Quando o amor deixa de ser credor, só então é pobre. Finalmente, ser tão grande o amor que se não possa pagar, é a maior glória de quem ama…

Quem nas asas da fama voa também padece, porque não há asas sem penas, ainda que estas sejam as plumagens com que o benemérito se adorna.