De tudo fica um pouco. Não muito.
Passagens de Carlos Drummond de Andrade
1088 resultadosOs direitos do homem são muitos, e raro o direito de gozar deles.
Numerosos são os mundos no mundo, a julgar pela exigência de passaportes.
Os países ricos, mesmo sem querer, ajudam os países pobres a ficar mais pobres.
As belas noites que esta mulher nos teria proporcionado, se ela não fosse uma estampa de livro.
Tudo vale a pena se alma não é pequena.
Por sua raridade, a poesia escapa até aos poetas.
Nada mais abstrato do que a comunidade, e nada mais concreto quando nos declaramos seus representantes.
Ao nos aproximarmos da morte, sentimo-nos mais perto de Deus, como se a distância não fosse a mesma.
Há vários motivos para não amar uma pessoa, e um só para amá-la; este prevalece.
A natureza não faz milagres; faz revelações.
O sexo é prazer sentido e transmitido a outro sexo; do contrário não vale o nome.
O crime de morte é relação tão absorvente entre duas pessoas, que uma delas acaba suprimida; ou as duas.
O traidor não admite que trai, ao obedecer a impulso natural.
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Amar pela segunda vez o que foi nosso é tão surpreendente que constitui outra primeira vez.
No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam.
Professorinha ensinando à crianças; a adultos; ao povo; toda a arte de ser, sem esconder o ser.
Almoçamos e jantamos todo dia como num ato religioso que não exige fé.
Os homens são como as moedas; devemos tomá-los pelo seu valor, seja qual for o seu cunho.