O morto continua a viver no livro, na foto, no cassete, mas só quando nos lembramos de usá-los.
Passagens de Carlos Drummond de Andrade
1088 resultadosO azar dos gêmeos consiste em viverem num mundo de pessoas separadas.
Saudade tem algo de auto-acusação e arrependimento.
Mas se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente, lutarmos pelo melhor… O melhor vai se instalar em nossa vida. Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura.
Cristo tanto se exprime por parábolas como pelo silêncio.
Todo homem devia cuidar do seu epitáfio, para merecê-lo.
O homem descende de espécies inferiores mas prefere suspender a evolução.
A esperança é planta que germina, mesmo não semeada.
Certos homens conseguem fazer o impossível em competição, e nada quando sozinhos.
O sofá, móvel psicanalítico, sabe de tudo e entedia-se.
Por que cultivas
as sem perfume
e agressivas
flores do ciúme
Num mundo em que a loucura se vai tornando compulsória, nem por isto se concedem privilégios aos loucos.
Deus está em toda parte, mas tão disfarçado que é como se não estivesse.
Escrever é Triste
Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, puré de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.
O que você perde em viver, escrevinhando sobre a vida. Não apenas o sol, mas tudo que ele ilumina. Tudo que se faz sem você, porque com você não é possível contar. Você esperando que os outros vivam, para depois comentá-los com a maior cara-de-pau (“com isenção de largo espectro”, como diria a bula, se seus escritos fossem produtos medicinais). Selecionando os retalhos de vida dos outros, para objeto de sua divagação descompromissada. Sereno. Superior. Divino. Sim, como se fosse deus, rei proprietário do universo, que escolhe para o seu jantar de notícias um terremoto, uma revolução, um adultério grego — às vezes nem isso, porque no painel imenso você escolhe só um besouro em campanha para verrumar a madeira.
Há ocasiões em que não se sabe quem é o nosso inimigo e quem virá a sê-lo.
Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho.
Te amo, porque te amo.
A preguiça não gera obras-primas, mas serve-se delas para matar o tempo.
Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.
Nem a filosofia consegue explicar o mundo, nem este consegue suprimir a filosofia.