Parei de implorar companhia dos outros, se quiser ficar fica, se não quiser adeus.
Passagens de Clarice Lispector
1250 resultadosMas você – eu não posso e nem quero explicar, eu agradeço.
Quem muito agrada, desagrada.
Eu Sou Nostálgica Demais
De súbito a estranheza. Estranho-me como se uma câmera de cinema estivesse filmando meus passos e parasse de súbito, deixando-me imóvel no meio de um gesto: presa em flagrante. Eu? Eu sou aquela que sou eu? Mas isto é um doido faltar de sentido! Parte de mim é mecânica e automática — é neurovegetativa, é o equilíbrio entre não querer e o querer, do não poder e de poder, tudo isso deslizando em plena rotina do mecanicismo. A câmera fotográfica singularizou o instante. E eis que automaticamente saí de mim para me captar tonta de meu enigma, diante de mim, que é insólito e estarrecedor por ser extremamente verdadeiro, profundamente vida nua amalgamada na minha identidade. E esse encontro da vida com a minha identidade forma um minúsculo diamante inquebrável e radioso indivisível, um único átomo e eu toda sinto o corpo dormente como quando se fica muito tempo na mesma posição e a perna de repente fica «esquecida».
Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido uma coisa não se sabe onde e quando.
Se eu me visse na terra lá das estrelas ficaria só de mim. In: Coração Selvagem
Quem não é um acaso na vida?
A perfeição de Deus prova-se mais na impossibilidade do milagre do que na sua possibilidade. Fazer milagres, para um Deus humanizado das religiões, é ser injusto — milhares de pessoas precisam igualmente e ao mesmo tempo desse milagre.
Só o que está morto não muda! Repito por pura alegria de viver: A salvação é pelo risco, Sem o qual a vida não vale a pena!!!
Para se ter uma visão, a coisa não precisava ser triste ou alegre ou se manifestar. Bastava existir, de preferência parada e silenciosa, para nela se sentir a marca.
Não é confortável o que te escrevo. Não faço confidências. Antes me metalizo. E não te sou e me sou confortável.
Escrever sem estilo é o máximo que, quem escreve, chega a desejar.
Tenho duas caras. Uma quase feia, outra quase bonita. O que eu sou? Um quase tudo.
Perder-se é um achar perigoso.
Não sei se quero descansar, por estar realmente cansada ou se quero descansar para desistir.
Brasília? Uma prisão ao ar livre.
Eu vivo à espera de inspiração com uma avidez que não dá descanso. Cheguei mesmo à conclusão de que escrever é a coisa que mais desejo no mundo, mesmo mais que amor.
Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Não é valer mais para os outros, em relação ao humano ideal. É valer mais dentro de si mesmo.
Entregar-se a pensar é uma grande emoção, e só se tem coragem de pensar na frente de outrem quando a confiança é grande a ponto de não haver constrangimento em usar, se necessário, a palavra outrem.