Frases sobre Corpo de José Luís Peixoto

8 resultados
Frases de corpo de José Luís Peixoto. As mais belas frases e mensagens de José Luís Peixoto para ler e compartilhar.

Não são as palavras que distorcem o mundo, é o medo e a vontade. As palavras são corpos transparentes, à espera de uma cor. O medo é a lembrança de uma dor do passado. A vontade é a crença num sonho do futuro. Não são as palavras que distorcem o mundo, é a maneira como entendemos o tempo, somos nós.

Um homem sem certezas perde quase tudo de ser homem. É como o corpo sem a carne, Ă© como as ideias sem o pensamento, um homem sem certezas. Um homem vazio de certezas. Um homem vazio.

O corpo do rio agita-se lentamente. Todo o seu corpo é de ågua. O rio é sempre jovem. Podem passar séculos. Pode passar toda a eternidade. O rio é sempre jovem.

Uma måquina: aquilo que entra determina aquilo que sai. Se passåmos o dia a receber notícias de crimes, assassínios à facada, corpos esquartejados, teremos medo à noite, caminharemos receosos pelos cantos. Até o espelho serå olhado com desconfiança.

Os homens depois da derrota inevitåvel da vida, a nunca quererem aceitar a noite, a nunca quererem anoitecer e tornarem-se ontem amanhã, memória, os homens depois da vitória da terra sobre o corpo, a nunca aceitarem o seu corpo inacessível aos seus gestos, as suas mãos sem préstimo no espaço que lhes resta num sonho negro, as suas pernas a recusarem passos nas paredes negras e frias da solidão sem fim.

Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca ĂĄrvores pelas raĂ­zes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr atravĂ©s desse grito, Ă  sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim prĂłprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencĂȘ-lo mais uma vez e sempre. Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer. Porque a minha força Ă© imortal.

HĂĄ certos movimentos que apenas sĂŁo possĂ­veis depois do inĂ­cio da primavera. Durante a invernia, o corpo esquece-os, mingua, endurece como as ĂĄrvores. Em maio, o corpo recorda esses movimentos, julga reaprendĂȘ-los e, ao fazĂȘ-lo, redescobre a sua verdadeira natureza.