O termo literatura, dito como censura, é uma abreviatura tão forte que – deve ter sempre havido uma intenção semelhante desde os primeiros tempos – se tornou uma abreviatura também para ideias; o termo retira a verdadeira perspectiva e obriga a censura a cair muito antes e muito longe do seu alvo.
Frases de Franz Kafka
211 resultadosUma fé como uma guilhotina, tão pesada e tão leve.
Com tanta firmeza quanto a mão segura a pedra. Ela segura-a firmemente, porém, só para a atirar mais longe. Mas o caminho também leva àquelas distâncias.
Quem me pode confirmar a verdade ou a probabilidade do facto de ser apenas devido à minha missão literária que eu me desinteresso de todas as outras coisas e por isso não tenho coração?
Duas tarefas do início da vida: limitar o teu círculo cada vez mais e verificar continuamente se não estás escondido em algum lugar fora do teu círculo.
Era tarde da noite quando K. chegou. A aldeia jazia na neve profunda.
A única coisa que temos de respeitar, porque ela nos une, é a língua.
Uma gaiola saiu à procura de um pássaro.
Duas possibilidades: fazer-se infinitamente pequeno ou ser assim. A primeira é a perfeição, ou seja, a inacção; a segunda, o início, a acção.
A Alemanha declarou guerra à Rússia. À tarde, piscina.
De novo arrastado por esta racha terrível, comprida, estreita, o que na realidade só em sonhos se pode obrigar a fazer. De propósito e acordado de certeza que nunca conseguiríamos.
Toda a educação assenta nestes dois princípios: primeiro repelir o assalto fogoso das crianças ignorantes à verdade e depois iniciar as crianças humilhadas na mentira, de modo insensível e progressivo.
Crer no progresso não significa crer que ele já aconteceu. Isso não é crença.
Os bons vão ao passo certo; os outros ignorando-os inteiramente, dançam à volta deles a coreografia da hora que passa.
Depois de ter dado abrigo ao mal, ele não mais pedirá que você acredite nele.
Não se pode pagar o mal às prestações – e, no entanto, as pessoas tentam isso sem parar. Seria concebível que Alexandre, o Grande, a despeito dos êxitos guerreiros da sua juventude, do excelente exército que formou, das forças que sentia dentro de si para mudar o mundo, tivesse estacado às margens do Helesponto e jamais o tivesse atravessado, na verdade não por medo, indecisão ou falta de energia, mas por causa da força da gravidade.
O medo da loucura. Ver a loucura em todas as emoções que se esforçam sempre para a frente e que nos fazem esquecer de tudo o resto. Que é, então, a não loucura? A não loucura é ficar parado, de pé, como um mendigo à soleira da porta, ficar ao lado da entrada, apodrecer e cair.
Para evitar um equívoco verbal: o que deve ser activamente destruído precisa antes ter sido sustentado com firmeza total; o que desmorona desmorona, mas não pode ser destruído.
A insensatez da juventude. Medo da juventude, medo da insensatez, do surgir sem sentido de uma vida inumana.
Quando me comporto como um ser humano durante umas horas, como fiz hoje com Max e mais tarde com Baum, fico cheio de orgulho antes de ir para a cama.