Frases sobre Humanos de José Saramago

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Frases de humanos de José Saramago. As mais belas frases e mensagens de José Saramago para ler e compartilhar.

Falo de uma mudança que levasse as pessoas a pensar que isto não é bastante para viver como ser humano. Não pode ser. Se nós nos convertemos em pessoas que só se interessam pelos seus próprios interesses, vamos converter-nos em feras contra feras. E aliás é isto o que está a acontecer.

Ainda está por nascer o primeiro ser humano desprovido daquela segunda pele a que chamamos de egoísmo, bem mais dura que a outra, que por qualquer coisa sangra.

É evidente: a maldade, a crueldade, são inventos da razão humana, da sua capacidade para mentir, para destruir.

Não é viver muito, que é a aspiração humana. Viver eternamente seria estar condenado a uma velhice eterna. Salvo se o tempo parasse.

Nenhuma empresa do mundo pode estar acima das pessoas que lá trabalham. É utópico, é idealista, mas é a única maneira humana de ver as coisas. A gente não pode ser tratada como os resíduos da fabricação e atirada fora como tal. O sistema é que está em falência e o socialismo – que, a meu ver, não o era – também está na falência.

O humano é o que temos de preservar e defender em todas as circunstâncias: o capitalismo já sabemos que não o fará.

O ser humano é um animal doente porque não é capaz de reconhecer, ou de inventar, o seu lugar na natureza e na sociedade.

Temos que nos convencer de uma coisa, que o mais importante no mundo, pela negativa, e o que mais prejudica as relações humanas e as torna difíceis e complicadas é a inveja.

Creio no direito à solidariedade e no dever de ser solidário. Creio que não há nenhuma incompatibilidade entre a firmeza dos valores próprios e o respeito pelos valores alheios. Somos todos feitos da mesma carne sofrente. Mas também creio que ainda nos falta muito para chegarmos a ser verdadeiramente humanos. Se o seremos alguma vez…

Como será possível acreditar num Deus criador do Universo, se o mesmo Deus criou a espécie humana? Por outras palavras, a existência do homem, precisamente, é o que prova a inexistência de Deus.

A única e autêntica liberdade do ser humano é a do espírito, de um espírito não contaminado por crenças irracionais e por superstições talvez poéticas em algum caso, mas que deformam a percepção da realidade e deveriam ofender a razão mais elementar.

Falham os que mandam e falham os que se deixam mandar… São circunstâncias muito complexas as que marcam ou decidem o destino dos homens… Só sei que o mundo precisa de ser mais humano e essa é uma revolução pendente, uma revolução que, além disso, deveria ser pacífica e sem traumas porque seria ditada pelo bom senso.

O ser humano não é intrinsecamente bom nem mau. O que verifico é que a bondade é mais difícil de alcançar e de exercer. E bem e mal são conceitos demasiado amplos. É mais fácil ser mau, mau nas suas formas menores, mau em tudo aquilo que nos afasta do outro, do que ser bom.

O homem é cruel sobretudo em relação ao homem, porque somos os únicos capazes de humilhar, de torturar e fazemos isto com uma coisa que deveria ser o contrário, que é a razão humana.

O que está em causa não é a violência, é a crueldade. Violenta é toda a natureza. Para que eu coma o meu filé, tenho que matar um boi. Nós, seres humanos, os tais seres racionais, inventamos a crueldade. Portanto, é sobre a crueldade que deveríamos discutir. Quando começamos a discutir sobre a crueldade, o problema da violência resolve-se.

O romance já não tem que continuar a contar histórias, as histórias do nosso tempo as contam o cinema e a televisão. Sendo assim, ao romance e ao romancista não resta mais que regressar às três ou quatro grandes questões humanas, talvez só duas, vida e morte, tentar saber, já nem sequer «donde vimos e para onde vamos», mas simplesmente «quem somos».

O mundo não é bom – ele não tem a responsabilidade, pobre mundo, somos nós que não somos bons. O ser humano comporta-se como um animal enfermo de superstições, de rotinas, preconceitos, de que parece não sermos capazes de nos libertarmos.