Frases de Miguel Esteves Cardoso

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Frases de Miguel Esteves Cardoso. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Os homens são todos iguais. É este o (seu) segredo. Apesar das mulheres serem todas diferentes. Se os homens fossem todos diferentes, as mulheres seriam felizes. E os homens odiar-se-iam, como as mulheres se odeiam. E seriam ainda mais infelizes que as mulheres, porque são menos espertos.

Por muito educados e esclarecidos que nos julguemos, o nosso metabolismo ainda vive nas cavernas. É um grunho; um troglodita; um bicho. Está desactualizadíssimo. Tem terror de morrer à fome. Daí que aproveite tudo o que papamos.

Esperar não é necessariamente ficar à espera – é viver enquanto não acontece uma coisa que, afinal, queremos menos do que viver apenas. É bom.

É preciso ter-se amor à alma inteira. É preciso ter-se amor à verdade. Isso só se alcança com o sofrimento, que é a prova de amor mais certa que há. Em contrapartida, uma pessoa habitua-se a sofrer, quando sabe porque sofre e em nome de quê.

Fazer por estar bem disposto é como fazer um ramo de flores com aquilo que se tem em casa. Usa-se o que se tem e faz-se o melhor que se pode.

A lealdade é hoje uma virtude qye ninguém respeita profundamente. É demasiado irracional para se poder louvar. Ser leal é ser incondicional. É ir contra a razão, contra a justiça, contra a utilidade, das pessoas e das coisas. A lealdade é insensível. Ser leal é ajudar o amigo milionário a roubar uma moeda de 10 escudos do bolso de um pobre. A lealdade pode ser muito feia. É por isso que é tão bonita. É muito simples. A lealdade é uma decisão que a alma já tomou.

Dado o pouco a que se presta a TV em matéria de discussão de ideias, é natural que a atenção, aflita à procura de um foco, se concentre no espectáculo nada elevado mas divertido dos mútuos assanhamentos da política. Fazem bem jornalistas e realizadores em deixar chover as chapadas ao gosto dos pugilistas.

Os bebés são malcriados, preguiçosos e egoístas e «safam-se». É evidente. Não é justo, mas é evidente. Safam-se porque são lindos de morrer. Quando forem crescidos, vão ter de escrever sonetos, passar exames, comprar flores, escolher vinhos, esforçar-se.

O português tem uma tendência ridícula e cobarde para estar bem com todos. Em mais nenhuma parte do mundo existem tantos amigos de tanta gente. Por muito que se maldigam e traiam, seja em particular ou em público, dois portugueses, quando se encontram, desfazem-se em desculpas, «Aquilo foi um desentendimento… eu gosto muito de si, sabe?».

Não se pode ser nem mole nem inconstante nas amizades e inimizades. É preciso ser-se sincero e malcriado. É preciso dizer-se «Eu não gosto de si». É preciso dizer-se «Você é um verme». Os inimigos são mais fáceis de criar que os amigos e às vezes são mais úteis e dão-nos maior satisfação.

Mesquinho é o caso de amor que pode ser amavelmente resolvido com proveito para ambas as partes. Quando homem e mulher «ficam amigos» é porque nunca foram outra coisa. O amor verdadeiro é um desespero constante. Os problemas mais espectaculares só se resolvem com mortes. Não há conselhos que lhes valham.

O amor começa pelo amor. É o céu. O céu foi criado primeiro. A paixão é um simples impulso físico, material, mensurável, explicável por todas as ciências da atracção. É o mar. O mar está mais perto de nós. Podemos chegar ao fundo dele.

Nós os portugueses temos de fazer duas coisas: 1. acordar e 2. aprender a sonhar com o que está ao nosso alcance. O mal da nossa classe política é só conhecer dois registos: a utopia megalómana e a banalidade mesquinha. O nosso sonho ou é o Quinto Império ou então chegar ao fim do mês e conseguir pagar a conta da luz.

Na arte funciona mais o manifesto do artista, por muito parvo que seja, do que a crítica do crítico, por muito inteligente que possar ser.

Não se pode controlar excessivamente ninguém porque a experiência demonstra que quem se convence que está preso decide, por alguma absurda razão, fugir. É a natureza humana.

Quando se quer realmente, dar-se-ia tudo por ter. A coisa ou a pessoa que se quer têm o valor imediato igual a todas as coisas e pessoas que já se têm.