Recordar é Limitar
Não fosse a lembrança da mocidade, não se ressentiria a velhice. Toda a doença consiste em não se poder fazer mais o que se pôde fazer outrora. Pois o velho, no seu género, é decerto uma criatura tão perfeita como o moço na sua.
Passagens de Georg Christoph Lichtenberg
50 resultadosQuando leres a biografia de um grande criminoso, antes de condená-lo, agradece ao céu bondoso por não ter-te colocado, com a tua cara honesta, no começo de uma série de circunstâncias semelhantes.
Palavras Gastas pelo Mau Uso
Diz-me se essa palavra aí não está singularmente vestida e poderás ver todas as minhas nuas antes das coisas que medito as terem coberto com uma libré. É uma vergonha que a maior parte das nossas palavras sejam instrumentos de que se fez, outrora, mau uso e que, muitas vezes, conservem o cheiro da imundície em que as emporcalharam os anteriores proprietários. Quero trabalhar com palavras novas ou então – tenho necessidade para isso de menor ar do que uma ave exala nos seus cantos – nunca mais falar, a não ser de mim para mim, por toda a eternidade.
Usem as palavras como o dinheiro.
Nunca nos Empenhamos em Pleno
Conquistar o êxito graças a obras que não exigiram a totalidade das nossas forças é uma coisa perigosa para o aperfeiçoamento do espírito. Segue-se, normalmente, que se espezinha no mesmo local. É o que incita La Rochefoucauld a pensar que ainda não aconteceu que um homem tivesse realizado tudo aquilo de que seria capaz. Considero esta ideia verdadeira para a maior parte.
A ocasião não faz apenas o ladrão, mas também grandes homens.
Um professor não educa indivíduos. Ele educa uma espécie.
O sinal certo de um bom livro é que ele nos agrada cada vez mais à medida que envelhecemos.
É decerto medonho viver quando não se quer, mas seria ainda mais pavoroso ser imortal quando se quer morrer.
O sábio procura a sabedoria, o tolo encontrou-a.
Actualmente procura-se divulgar a sabedoria por toda a parte: quem sabe se daqui a poucos séculos não haverá universidades destinadas a restabelecer a antiga ignorância?
Duvida de tudo pelo menos uma vez, mesmo que seja da sentença: duas vezes dois são quatro.
É impossível carregar através da multidão a tocha da verdade sem chamuscar aqui e ali uma barba ou uma peruca.
Muitas vezes tenho uma opinião quando estou deitado e outra quando estou de pé.
Regra Essencial de Leitura
Uma regra da leitura consiste em reduzir a poucas palavras a intenção e a ideia principal do autor e em apossar-se delas sob essa froma. Quem lê assim, fica ocupado e lucra. Existe uma espécie de leitura, na qual o espírito nada ganha e perde muito: é a leitura sem comparação com os próprios conhecimentos e sem integração com o próprio sistema de pensar.
O Paradoxo do Tempo
Frequentemente observei o seguinte: quanto mais variados os acontecimentos que se sucedem, tanto mais rapidamente passam os nossos dias, mais longo, ao contrário nos parece o tempo passado, a soma desses dias. Por outro lado, quanto mais monótonas as nossas ocupações, tanto mais longos se tornam os nossos dias, tanto mais curto o tempo passado ou a soma deles. A explicação não é difícil.
A Boa Vontade
Quando um homem faz qualquer coisa de muito boa vontade é quase sempre porque aquela contém um elemento que não é a coisa em si. Aqui temos uma observação que redundaria num êxito de grande utilidade no caso de merecer um exame mais profundo.
As pessoas que nunca têm tempo não conseguem grandes coisas.
Na medida em que se distinguem mais coisas numa língua pela razão, torna-se mais difícil falá-la.
Um homem de espírito não pode nem pensar que existe a palavra dificuldade.