A nascente desaprova quase sempre o itinerário do rio.
Passagens de Jean Cocteau
65 resultadosQuando uma obra parece avançada para a sua época, é simplesmente porque a sua época está atrasada em relação a ela.
A arte existe no instante em que o artista se afasta da natureza.
Viva a jovem musa do cinema, pois ela possui o mistério do sonho e permite tornar a irrealidade realista.
Uma vez que estes mistérios nos ultrapassam, finjamos ser os seus organizadores.
Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez.
Um segredo tem sempre a forma de uma orelha.
A poesia é uma religião sem esperança.
Cuidado, este não é revolucionário. É um conservador de antigas anarquias.
O virtuoso não serve a música. Serve-se dela.
Mantenha-se forte diante do fracasso e livre diante do sucesso.
Os mais belos vestidos servem para serem retirados.
A beleza age mesmo sobre aqueles que não a constatam.
A ciência serve apenas para se verificarem as descobertas do instinto.
A verdade é muito nua, não excita os homens.
O limite extremo da sensatez é o que o público baptiza de loucura.
Todo homem traz em seu ombro esquerdo um macaco e, no direito, um periquito.
O tacto consiste em saber até onde podemos ir.
A fonte reprova quase sempre o percurso do rio.
A Invisibilidade é a Condição para a Elegância
Parece-me que a invisibilidade é a condição para a elegância. A elegância acaba se for notada. Sendo a poesia a elegância por excelência, não sabe ser visível. Então, para que serve?, dir-me-eis. Para nada. Quem a vê? Ninguém. O que a não impede de ser um atentado contra o pudor, e apesar de o seu exibicionismo se exercer entre os cegos. Contenta-se em exprimir uma moral particular. Depois, esta moral particular solta-se sob a forma de obra. Exige que a deixem viver a sua vida. Faz-se pretexto para imensos mal-entendidos que se chamam a glória. A glória é absurda por resultar de um ajuntamento. A multidão cerca um acidente, conta-o a si mesma, inventa-o, perturba-o até se transformar noutro. O belo resulta sempre de um acidente. De uma quebra brutal entre hábitos adquiridos e hábitos a adquirir. Derrota, nauseia. Chega a causar horror. Quando o novo hábito for adquirido, o acidente deixará de ser acidente. Far-se-á clássico e perderá a virtude de choque. Por isso uma obra nunca é compreendida. É admitida. Se não me engano, a observação pertence a Eugène Delacroix: «Nunca se é compreendido, é-se admitido». Matisse repete com frequência esta frase.