Passagens de Júlio Dinis

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Um amor bem verdadeiro, uma vida bem íntima com uma mulher, a quem se queira como amante, que se estime como irmã, que se venere com mãe, que se proteja como filha, é evidentemente o destino mais natural ao homem, o complemento da sua missão na terra.

A aurora do amor é a quadra de devaneios e fantasias, em que a vida do coração principia e exerce sobre nós o seu mágico influxo.

Ninguém sabe porque ama ou porque não ama. É uma coisa que se sente, mas que não se explica.

O defeito das mulheres é não poder imaginar que haja sobre o carácter e a boa ou má disposição de um homem outra influência que não seja a da mulher.

Há uma idade em que a mulher gosta mais de ser namorada do que amada. Entre um amor recatado e reverente e um galanteio indiscreto e ostensivo, não hesita: prefere o segundo. O que lhe enche o coração não é o amor; é a vaidade.

Em certa idade as diversões não distraem, afligem. Vive-se do passado, e para que o pensamento o retrate, é mister que o remorso lhe dê a limpidez do lago tranquilo.

A loucura é inseparável do homem; umas vezes toma-lhe a cabeça e deixa-lhe em paz o coração, que nunca se empenha no desvairar a que ela é arrastada; outras vezes há na cabeça a frieza da razão e ao coração desce a loucura para o perturbar com afectos.

Se nos dermos de coração a uma quimera, se ela, nas formas vagas e aéreas que reveste, nos sorrir e namorar, em vão julgamos tê-la pelo que verdadeiramente é; há sempre um ou outro momento em que a acreditamos realizável e até realizada.

Em todos os homens a consciência tem só uma maneira de ser. Reprova sempre o mal, aponta sempre a culpa.

Saber sacrificar tudo a um dever é a principal e mais difícil ciência que nós temos de aprender na vida.

Não sei que moda anda agora de se não considerar o choro como a mais eloquente expressão do pesar! Eu por mim, é dos sinais em que deposito mais fé.

Os afectos generosos estendem a sua generosidade aos sentimentos dos outros corações, ainda quando lhes são opostos.

Não tenteis a louca empresa de aniquilar o sentimento, espíritos áridos que infundadamente o temeis, como coisa desconhecida à vossa alma seca e estéril. Quem deveras confia nos destinos da humanidade não tem medo das lágrimas. Pode-se triunfar, com elas nos olhos.

A nossa natureza é feita assim. Adquirido o hábito do mal, até o mal, até a dor, lhe é indispensável.

A publicação de um livro, por muito proveito e glória que traga a um autor, é sempre uma espécie de profanação desses filhos queridos da fantasia, que ele velava e acalentava com um verdadeiro amor de pai.

O instinto feminino é o mais próprio para descobrir o lado acessível de certos caracteres azedos e para movê-los sem os magoar.