Os espĂritos pequenos sĂŁo domados e subjugados pelo infortĂșnio; os grandes, porĂ©m, sabem como fugir Ă desgraça.
Passagens sobre InfortĂșnio
64 resultadosPosses e Capacidade atrapalham a Felicidade
Foi observado em todas as Ă©pocas que as vantagens da natureza, ou da fortuna, contribuĂram muito pouco para a promoção da felicidade; e que aqueles a quem o esplendor da sua classe social, ou a extensĂŁo das suas capacidades, colocou no topo da vida humana nĂŁo deram muitas vezes ocasiĂŁo justa de inveja por parte dos que olham para eles de uma condição mais baixa; quer seja que a aparente superioridade incite a grandes desĂgnios e os grandes desĂgnios corram naturalmente o risco de insucessos fatais; ou que o destino da humanidade seja a misĂ©ria, os infortĂșnios daqueles cuja eminĂȘncia atraiu sobre eles a atenção universal foram mais cuidadosamente registados, porque, em geral, eram mais bem observados e foram, na realidade, mais conspĂcuos do que outros, mas nĂŁo com maior frequĂȘncia nem severidade.
Se todos os nossos infortĂșnios fossem colocados juntos e, posteriormente, repartidos em partes iguais por cada um de nĂłs, ficarĂamos muito felizes se pudĂ©ssemos ter apenas, de novo, sĂł os nossos.
Quanto mais vocĂȘ pensar em seus infortĂșnios, mais poder terĂŁo eles para magoĂĄ-lo.
Aceita-se a massa do infortĂșnio, a poeira nĂŁo.
De todos os infortĂșnios que afligem a humanidade, o mais amargo Ă© que temos de ter consciĂȘncia de muito e controle de nada.
Quem pode ver insensivelmente o alheio infortĂșnio, ignora que hĂĄ dores.
Quando a alegria se torna tristeza e o bem estar infortĂșnio, as almas pacientes extrairĂŁo prazer mesmo da dor.
Uma nação nĂŁo nasce duma ideia. Nasce dum contrato de homens livres que se inspiram nas insubmissĂ”es necessĂĄrias ao ministĂ©rio dos povos sobre os seus infortĂșnios.
Quando, num paĂs, o infortĂșnio se generaliza, o egoĂsmo, por sua vez, se universaliza.
CompaixĂŁo MĂłrbida
Todos os dias desfaço-me, por via da razĂŁo, desse sentimento pueril e inumano que faz que desejemos que os nossos males suscitem a compaixĂŁo e o pesar nos nossos amigos. Fazemos valer os nossos infortĂșnios desproporcionadamente para provocar as suas lĂĄgrimas. E a firmeza face Ă mĂĄ fortuna, que louvamos em toda a gente, reprovamo-la e repudiamo-la aos nossos Ăntimos quando a mĂĄ fortuna Ă© a nossa. NĂŁo nos contentamos com que eles sejam sensĂveis Ă s nossas dores, precisamos que com elas se aflijam.
Deve-se espalhar a alegria, mas conter, tanto quanto possĂvel, a tristeza. Quem quer ser compadecido sem razĂŁo Ă© homem que nĂŁo o merece ser quando houver razĂŁo para tal. Estar sempre a lamentar-se Ă© caso para se nĂŁo ser lamentado, pois quem tantas vezes faz de coitadinho nĂŁo inspira dĂł a ninguĂ©m. Quem faz de morto estando vivo sujeita-se a ser tido por vivo em morrendo. Vi doentes abespinharem-se por os acharem de bom semblante e com o pulso normal, reprimirem o riso porque este denunciava a sua cura e odiarem a saĂșde por ela nĂŁo suscitar compaixĂŁo.
A Guerra
E tropeçavam todos nalgum vulto,
quantos iam, febris, para morrer:
era o passado, o seu passado â um vulto
de esfinge ou de mulher.CaĂam como herĂłis os que nĂŁo o eram,
pesados de infortĂșnio e solidĂŁo.
(Arma secreta em cada coração:
a tortura de tudo o que perderam.)Inimigos nĂŁo tinham a nĂŁo ser
aquela nostalgia que era deles.
Mas lutavam!, sonĂąmbulos, imbeles,
sĂł na esp’rança de ver, de ver e ter
de novo aquele vulto
â imponderĂĄvel e oculto â
de esfinge, ou de mulher.
O infortĂșnio Ă© um degrau para o gĂ©nio, uma piscina para o cristĂŁo, um tesouro para o homem hĂĄbil e um abismo para o fraco.
A felicidade sĂł chega de um lado, o infortĂșnio vem de todos.
Ode à Esperança
1
Vem, vem, doce Esperança, Ășnico alĂvio
Desta alma lastimada;
Mostra, na c’roa, a flor da Amendoeira,
Que ao Lavrador previsto,
Da Primavera prĂłxima dĂĄ novas.2
Vem, vem, doce Esperança, tu que animas
Na escravidĂŁo pesada
O aflito prisioneiro: por ti canta,
Condenado ao trabalho,
Ao som da braga, que nos pés lhe soa,3
Por ti veleja o pano da tormenta
O marcante afouto:
No mar largo, ao saudoso passageiro,
(Da sposa e dos filhinhos)
Tu lhe pintas a terra pelas nuvens.4
Tu consolas no leito o lasso enfermo,
C’os ares da melhora,
Tu dås vivos clarÔes ao moribundo,
Nos jĂĄ vidrados olhos,
Dos horizontes da Celeste PĂĄtria.5
Eu jå fui de teus dons também mimoso;
A vida largos anos
Rebatida entre acerbos infortĂșnios
A sustentei robusta
Com os pomos de teus vergéis viçosos.6
Mas agora, que MĂĄrcia vive ausente;
Que nĂŁo me alenta esquiva
C’o brando mimo dum de seus agrados,
O Desgaste da Inveja
De todas as caracterĂsticas que sĂŁo vulgares na natureza humana a inveja Ă© a mais desgraçada; o invejoso nĂŁo sĂł deseja provocar o infortĂșnio e o provoca sempre que o pode fazer impunemente, como tambĂ©m se torna infeliz por causa da sua inveja. Em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros tĂȘm. Se puder, priva os outros das suas vantagens, o que para ele Ă© tĂŁo desejĂĄvel como assegurar as mesmas vantagens para si prĂłprio. Se uma tal paixĂŁo toma proporçÔes desmedidas, torna-se fatal a todo o mĂ©rito e mesmo ao exercĂcio do talento mais excepcional.
Por que Ă© que o mĂ©dico deve ir ver os seus doentes de automĂłvel quando o operĂĄrio vai para o seu trabalho a pĂ©? Por que Ă© que o investigador cientĂfico pode passar os dias num quarto aquecido, quando os outros tĂȘm de expor-se Ă inclemĂȘncia dos elementos? Por que Ă© que um homem que possui algum talento raro de grande importĂąncia para o mundo deve ser dispensado do penoso trabalho domĂ©stico? Para tais perguntas a inveja nĂŁo encontra resposta. Afortunadamente, porĂ©m, hĂĄ na natureza humana um sentimento compensador, chamado admiração. Todos os que desejm aumentar a felicidade humana devem procurar aumentar a admiração e diminuir a inveja.
Ă melhor empregarmos o nosso espĂrito em suportar os infortĂșnios que nos acontecem do que em prever os que nos podem acontecer.
Acusar os outros pelos prĂłprios infortĂșnios Ă© um sinal de falta de educação; acusar-se a si mesmo mostra que a educação começou; nĂŁo acusar nem a si mesmo nem aos outros mostra que a educação estĂĄ completa.
Quem muito vive, muitos infortĂșnios passa.
Ode Ă Amizade
Se depois do infortĂșnio de nascermos
Escravos da Doença e dos Pesares
Alvos de Invejas, alvos de CalĂșnias
Mostrando-nos a campa
A cada passo aberta o Mar e a Terra;
Um raio despedido, fuzilando
Terror e morte, no rasgar das nuvens
O tenebroso seio
A Divina Amizade nĂŁo viera
Com piedosa mĂŁo limpar o pranto,
Embotar com dulcĂssono conforto
As lanças da Amargura;
O Såbio espedaçara os nós da vida
Mal que a RazĂŁo no espelho da ExperiĂȘncia
Lhe apontasse apinhados inimigos
C’o as cruas mĂŁos armadas;
Terna Amizade, em teu altar tranquilo
Ponho â por que hoje, e sempre arda perene
O vago coração, ludĂbrio e jogo
Do zombador Tirano.
Amor me deu a vida: a vida enjeito,
Se a Amizade a nĂŁo doura, a nĂŁo afaga;
Se com mais fortes nĂłs, que a Natureza,
Lhe nĂŁo ata os instantes.
Que só ditosos são na aberta liça
Dois mortais, que nos braços da Amizade,
Estreitos se unem, bebem de teu seio
NectĂĄrea valentia.
Tu cerceias o mal, o bem dilatas,
E as almas que cultivas cuidadosa,