Passagens sobre Infortúnio

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Serenidade da Alma

Não examinar o que se passa na alma dos outros dificilmente fará o infortúnio de alguém; mas os que não seguem com atenção os movimentos das suas próprias almas são fatalmente desditosos.
(…) Ser semelhante ao promontório contra o qual vêm quebrar as vagas e que permanece firme enquanto, à sua volta, espumeja o furor das ondas.
– Que desgraça ter-me acontecido isto!
Não, não é assim que se deve falar, mas desta maneira:
– Que felicidade, apesar do que me aconteceu, eu não me mortificar, não me deixar abater pelo presente nem me assustar pelo futuro!
Na verdade, coisa idêntica poderia suceder a toda a gente, mas bem poucos a suportariam sem se mortificarem. Por que razão considerar este acontecimento infortunado e aquele outro feliz?
Em resumo, chamas de infortúnio para o ser humano aquilo que não é um obstáculo à sua natureza? E consideras um obstáculo à natureza do ser humano aquilo que não vai contra a vontade da sua natureza? Que queres, então? Conheces bem essa vontade; aquilo que te sucede impede-te, por acaso, de ser justo, magnânimo, sóbrio, reflectido, prudente, sincero, modesto, livre, e de possuir as outras virtudes cuja posse assegura à natureza do ser humano a felicidade que lhe é própria?

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Não existe tal coisa como um infortúnio tão mau que as pessoas hábeis não saibam dele tirar proveito, como também não existe uma felicidade tal que os mais volúveis não transformem em prejuízo próprio.

Há mulheres que parecem ensoberbecer-se com o seu próprio infortúnio. A docilidade, a humilhação sem desdouro, poderá, nos casos de muitas, revirar a pouco e pouco a sorte.

Os espíritos pequenos são domados e subjugados pelo infortúnio; os grandes, porém, sabem como fugir à desgraça.

Posses e Capacidade atrapalham a Felicidade

Foi observado em todas as épocas que as vantagens da natureza, ou da fortuna, contribuíram muito pouco para a promoção da felicidade; e que aqueles a quem o esplendor da sua classe social, ou a extensão das suas capacidades, colocou no topo da vida humana não deram muitas vezes ocasião justa de inveja por parte dos que olham para eles de uma condição mais baixa; quer seja que a aparente superioridade incite a grandes desígnios e os grandes desígnios corram naturalmente o risco de insucessos fatais; ou que o destino da humanidade seja a miséria, os infortúnios daqueles cuja eminência atraiu sobre eles a atenção universal foram mais cuidadosamente registados, porque, em geral, eram mais bem observados e foram, na realidade, mais conspícuos do que outros, mas não com maior frequência nem severidade.

Se todos os nossos infortúnios fossem colocados juntos e, posteriormente, repartidos em partes iguais por cada um de nós, ficaríamos muito felizes se pudéssemos ter apenas, de novo, só os nossos.

Quanto mais você pensar em seus infortúnios, mais poder terão eles para magoá-lo.

De todos os infortúnios que afligem a humanidade, o mais amargo é que temos de ter consciência de muito e controle de nada.

Uma nação não nasce duma ideia. Nasce dum contrato de homens livres que se inspiram nas insubmissões necessárias ao ministério dos povos sobre os seus infortúnios.

Compaixão Mórbida

Todos os dias desfaço-me, por via da razão, desse sentimento pueril e inumano que faz que desejemos que os nossos males suscitem a compaixão e o pesar nos nossos amigos. Fazemos valer os nossos infortúnios desproporcionadamente para provocar as suas lágrimas. E a firmeza face à má fortuna, que louvamos em toda a gente, reprovamo-la e repudiamo-la aos nossos íntimos quando a má fortuna é a nossa. Não nos contentamos com que eles sejam sensíveis às nossas dores, precisamos que com elas se aflijam.
Deve-se espalhar a alegria, mas conter, tanto quanto possível, a tristeza. Quem quer ser compadecido sem razão é homem que não o merece ser quando houver razão para tal. Estar sempre a lamentar-se é caso para se não ser lamentado, pois quem tantas vezes faz de coitadinho não inspira dó a ninguém. Quem faz de morto estando vivo sujeita-se a ser tido por vivo em morrendo. Vi doentes abespinharem-se por os acharem de bom semblante e com o pulso normal, reprimirem o riso porque este denunciava a sua cura e odiarem a saúde por ela não suscitar compaixão.

A Guerra

E tropeçavam todos nalgum vulto,
quantos iam, febris, para morrer:
era o passado, o seu passado — um vulto
de esfinge ou de mulher.

Caíam como heróis os que não o eram,
pesados de infortúnio e solidão.
(Arma secreta em cada coração:
a tortura de tudo o que perderam.)

Inimigos não tinham a não ser
aquela nostalgia que era deles.
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles,
só na esp’rança de ver, de ver e ter
de novo aquele vulto
— imponderável e oculto —
de esfinge, ou de mulher.

O infortúnio é um degrau para o génio, uma piscina para o cristão, um tesouro para o homem hábil e um abismo para o fraco.