Nunca me dê o Céu… Quero é sonhar com ele na inquietação feliz do Purgatório.
Passagens de Mário Quintana
363 resultadosDatilografia: escrita por batuque.
Autodidacta: ignorante por conta própria.
Perdoas… és cristão… bem o compreendo… E é mais cômodo, em suma. Não desculpes, porém, coisa nenhuma, que eles bem sabem o que estão fazendo…
Uma folha, ai, melancolicamente cai!
A indiferença é a maneira mais polida de desprezar alguém.
A Laranja A laranja cortada ao meio, Úmida de amor, anseia pela outra… É assim, é bem assim que eu te desejo!
Entre a minha casa e a tua, há uma ponte de estrelas. Uma ponte de silêncios.
Só o desejo inquieto, que não passa, Faz o encanto da coisa desejada… E terminamos desdenhando a caça Pela doida aventura da caçada.
Quero todo o teu espaço e todo o teu tempo. Quero todas as tuas horas e todos os teus beijos. Quero toda a tua noite e todo o teu silêncio.
Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.
Conhecer o mistério de um corpo é talvez mais importante do que conhecer o mistério de uma alma.
O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
Diálogo Bobo – Abandonou-te? – Pior ainda: esqueceu-me…
Por que prender a vida em conceitos e normas? O Belo e o Feio… O Bom e o Mau… Dor e Prazer… Tudo, afinal, são formas E não degraus do Ser!
Deixem o Outro Mundo em Paz! O Mistério está Aqui!
‘Diabético’ é quem não consegue ser doce.
O Mapa
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo…(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei…Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei…)Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, deliciosoQue faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)E talvez de meu repouso…
A Rua Dos Cataventos – VI
Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola. . .Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.Ele trabalha silenciosamente. . .
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente. . .
O melhor do susto é esperar por ele.