Poemas sobre Chuva de José Godoy Garcia

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Poemas de chuva de José Godoy Garcia. Leia este e outros poemas de José Godoy Garcia em Poetris.

Os Sobreviventes

Quando todos imaginavam a vida sem sentido
chegaram de manhĂŁ os sobreviventes,
e levantaram suas moradas, estiveram no rio,
procuravam o rebanho disperso, preparavam
o alimento, cantavam, derramavam
o suor nos campos, faziam fogo Ă  noite
rememoravam o corpo de suas mulheres,
despachavam os barcos, pela manhĂŁ.
As chuvas eram sempre bem-vindas,
as chuvas levantavam o pĂł da terra
e enchiam de confiança a face da vida.
As mulheres viam nascer dentro de si
um novo rebento, os seus ventres cresciam.
Nenhum sinal de confiança quando as mulheres
apareciam de ventre crescido.
Os dias eram os mesmos, a esperança
e a desesperança eram as mesmas.

Uva, Pedra, Cavalo, Sol e Pensamento

O rio continua a passar na minha ausĂȘncia.
Eu nĂŁo sei o que o pĂĄssaro pensa da chuva.

A terra tem o gosto agridoce de uma uva.
Tudo em que ponho o olhar tem mĂĄgica inocĂȘncia.

Magra como uma vara de anzol pode ser a mulher.
Gorda como a cara do sol pode ser a laranja.

Ligeiro, o cavalinho. Trem-de-ferro qualquer,
apitando, tudo Ă© bondade que a vida arranja.

Os anos que a pedra vive no seio das ĂĄguas.
Os anos que o coração bate no peito do homem.

Os pés e as pernas unidos na mesma faina.
As mĂĄgoas que se consomem iguais aos ventos.

Uva, pedra, cavalo, sol e pensamento.