Atravessa Esta Paisagem o Meu Sonho

Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores Ă© transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas…

O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem Ă© cheia de sol deste lado…
Mas no meu espĂ­rito o sol deste dia Ă© porto sombrio
E os navios que saem do porto sĂŁo estas árvores ao sol…

Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo…
O vulto do cais Ă© a estrada nĂ­tida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro…

NĂŁo sei quem me sonho…
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse
desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele
porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim,

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