Poemas sobre Luz de Eugénio de Castro

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Amores

a Jean Moréas

Judite, a loura e magra que ora vive
Entre palmas e mirra, nas novenas;
Dulce, a de peitos de hidromel e penas,
Com quem libidinosas noites tive;
Maria a ingénua, a plácida e macia,
Ingénua como um pintassilgo e pura
Como um mĂŞs de Maria;
LĂ­dia, a trigueira hostil, severa e dura,
E Fábia, a de olhos perturbantes, lassos,
E de morenas, aprilinas pomas,
Fábia, cujos abraços
Me vestiam de aromas
Todas adorei,
Todas me adoraram
Quando as desprezei.

Antes de as possuir, antes de as subjugar
Co’a força do meu verbo e a luz do meu olhar,
Em cada uma eu via o céu aberto;
Mas apenas ao peito as comprimia,
O meu entusiasmo arrefecia
E o céu sonhado transformava-se em deserto…

Ante a posse, os desejos esmorecem;
Do amor na amarga pugna,
Fui como os doentes que tudo apetecem
E a quem tudo repugna

A LaĂ­s

À ciprina Laís, de quem sou tributário.
A Laís que possui compridas tranças pretas,
P’lo meu escravo mandei, no seu aniversário,
Um cacho moscatel num cabaz de violetas.

Os amantes, que dĂŁo Ă s suas namoradas
Fulgurantes anéis de riqueza estupenda,
Luminosos rocais e redes consteladas,
HĂŁo-de sorrir, bem sei da minha humilde of’renda.

Pensei em dar-lhe, Ă© certo, um precioso colar
E um anel com mais luz do que o incĂŞndio de TrĂłia,
Mas reconsiderei de pronto, ao atentar
Que ainda ninguĂ©m viu dar jĂłias a uma jĂłia…