Sonetos sobre Mosteiros

2 resultados
Sonetos de mosteiros escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Vós Outros! que Dizeis que o Amor é um Suplício

Vós outros! que dizeis que o Amor é um suplício,
Que a flor da Decepção se abre em todo o Prazer,
Que aconselhais à Alma o mosteiro, e o cilício,
Pois nada pode consolar-nos de viver:

Ponde os olhos em mim, neste celeste Amor
Que me vai desdobrando e alumiando o caminho,
Mesmo quando o alto Céu, sem frescura e sem cor,
Tem as engelhas de algum velho pergaminho…

Vede como eu quero viver, por merecê-la,
Eu que sou pecador, a ela longínqua Estrela!
No esforço de ser bom, branco como um altar:

De modo que a minha Alma, enfim, fique tão crente,
Que se possa casar à sua estreitamente,
Como um floco de neve a um raio de luar!

Vésper

Do seu fastígio azul, serena e fria,
Desce a noite outonal, augusta e bela;
Vésper fulgura além… Vésper! Só ela
Todo o céu, doce e pálida, alumia.

De um mosteiro na cúpula irradia
Com frouxa luz… Em sua humilde cela,
Contemplativa e lânguida à janela,
Triste freira, fitando-a, se extasia…

Vésper, envolta em deslumbrante alvura,
Ó nuvens, que ides pelo espaço afora!
A quem tão longo olhar volve da altura?

Que olhar, irmão do seu, procura agora
Na terra o astro do amor? O olhar procura
Da solitária freira que o namora.