Sonetos sobre Dia de Alphonsus de Guimaraens

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Sonetos de dia de Alphonsus de Guimaraens. Leia este e outros sonetos de Alphonsus de Guimaraens em Poetris.

XLI

Cantem outros a clara cor virente
Do bosque em flor e a luz do dia eterno…
Envoltos nos clarões fulvos do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.

Para muitos o imoto céu clemente
É um manto de carinho suave e terno:
Cantam a vida, e nenhum deles sente
Que decantando vai o prĂłprio inferno.

Cantam esta mansĂŁo, onde entre prantos
Cada um espera o sepulcral punhado
De Ăşmido pĂł que há de abafar-lhe os cantos…

Cada um de nĂłs Ă© a bĂşssola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte…

II

Celeste… É assim, divina, que te chamas.
Belo nome tu tens, Dona Celeste…
Que outro terias entre humanas damas,
Tu que embora na terra do céu vieste?

Celeste… E como tu Ă©s do cĂ©u nĂŁo amas:
Forma imortal que o espĂ­rito reveste
De luz, nĂŁo temes sol, nĂŁo temes chamas,
Porque és sol, porque és luar, sendo celeste.

IncoercĂ­vel como a melancolia,
Andas em tudo: o sol no poente vasto
Pede-te a mágoa do findar do dia.

E a lua, em meio Ă  noite constelada,
Pede-te o luar indefinido e casto
Da tua palidez de hĂłstia sagrada.