Sonetos sobre Oito

3 resultados
Sonetos de oito escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Soneto 263 A Mama Cass

Se magra é minha Sandra carioca,
gordona foi Cassandra, outro tesão
das minhas fantasias, que hoje são
lembranças se a vitrola, ao fundo, toca.

Mulher o meu desejo só provoca
se for ou varapau ou balofão:
oitenta ou oito; o meio termo não.
Por isso a Mama Cass, morta, me choca.

Um simples sanduíche nos privava,
fatídico, entalado na garganta,
daquela voz famosa, que não grava

mais coisas como aquilo que me encanta:
“Palavras de amor”. Cass, você foi brava!
Nenhum peso mais alto se alevanta!

Gomes Leal

Sangra, sinistro, a alguns o astro baço.
Seus três anéis irreversíveis são
A desgraça, a tristeza, a solidão.
Oito luas fatais fitam no espaço.

Este, poeta, Apolo em seu regaço
A Saturno entregou. A plúmbea mão
Lhe ergueu ao alto o aflito coração.
E, erguido, o apertou, sangrando lasso.

Inúteis oito luas da loucura
Quando a cintura tríplice denota
Solidão e desgraça e amargura!

Mas da noite sem fim um rastro brota,
Vestígios de maligna formosura:
É a lua além de Deus, álgida e ignota.

Tudo Está Caro

A trinta e cinco réis custa a pescada:
O triste bacalhau a quatro e meio:
A dezasseis vinténs corre o centeio:
De verde a trinta réis custa a canada.

A sete, e oito tostões custa a carrada
Da torta lenha, que do monte veio:
Vende as sardinhas o galego feio
Cinco ao vintém; e seis pela calada.

O cujo regatão vai com excesso,
Revendendo as pequenas iguarias,
Que da pobreza são todo o regresso.

Tudo está caro: só em nossos dias,
Graças ao Céu! Temos em bom preço
Os tremoços, o arroz e as Senhorias.