Cara Minha Inimiga, Em Cuja MĂŁo
Cara minha inimiga, em cuja mĂŁo
pĂŽs meus contentamentos a ventura,
faltou te a ti na terra sepultura,
porque me falte a mim consolação.Eternamente as åguas lograrão
a tua peregrina fermosura;
mas, enquanto me a mim a vida dura,
sempre viva em minh’alma te acharĂŁo.E se meus rudos versos podem tanto
que possam prometer te longa histĂłria
daquele amor tĂŁo puro e verdadeiro,celebrada serĂĄs sempre em meu canto;
porque enquanto no mundo houver memĂłria,
serĂĄ minha escritura teu letreiro.
Sonetos sobre Verdadeiros de LuĂs de CamĂ”es
5 resultadosCara Minha Inimiga
Cara minha inimiga, em cuja mĂŁo
PĂŽs meus contentamentos a ventura,
Faltou-te a ti na terra sepultura,
Por que me falte a mim consolação.Eternamente as åguas lograrão
A tua peregrina formosura:
Mas enquanto me a mim a vida dura,
Sempre viva em minha alma te acharĂŁo.E, se meus rudos versos podem tanto,
Que possam prometer-te longa histĂłria
Daquele amor tĂŁo puro e verdadeiro,Celebrada serĂĄs sempre em meu canto:
Porque, enquanto no mundo houver memĂłria,
SerĂĄ a minha escritura o teu letreiro.
Despois Que Viu Cibele O Corpo Humano
Despois que viu Cibele o corpo humano
do fermoso Ătis seu verde pinheiro,
em piedade o vĂŁo furar primeiro
convertido, chorou seu grave dano.E, fazendo a sua dor ilustre engano,
a JĂșpiter pediu que o verdadeiro
preço da nova palma e do loureiro,
ao seu pinheiro desse, soberano.Mais lhe concede o filho poderoso
que, as estrelas, subindo, tocar possa,
vendo os segredos lå do Céu superno.Oh! ditoso Pinheiro! Oh! mais ditoso
quem se vir coroar da folha vossa,
cantando Ă vossa sombra verso eterno!
De quem o mesmo Amor nĂŁo se Apartava
JĂĄ a roxa e clara Aurora destoucava
Os seus cabelos de ouro delicados,
E das flores os campos esmaltados
Com cristalino orvalho borrifava;Quando o formoso gado se espalhava
De SĂlvio e de Laurente pelos prados;
Pastores ambos, e ambos apartados
De quem o mesmo Amor nĂŁo se apartava.Com verdadeiras lĂĄgrimas, Laurente,
â NĂŁo sei â dizia â Ăł Ninfa delicada,
Porque nĂŁo morre jĂĄ quem vive ausente,Pois a vida sem ti nĂŁo presta nada.
Responde SĂlvio: â Amor nĂŁo o consente,
Que ofende as esperanças da tornada.
JĂĄ A Saudosa Aurora Destoucava
JĂĄ a saudosa Aurora destoucava
os seus cabelos d’ouro delicados,
e as flores, nos campos esmaltados,
do cristalino orvalho borrifava;quando o fermoso gado se espalhava
de SĂlvio e de Laurente pelos prados;
pastores ambos, e ambos apartados,
de quem o mesmo Amor nĂŁo se apartava.Com verdadeiras lĂĄgrimas, Laurente,
-NĂŁo sei (dizia) Ăł Ninfa delicada,
porque nĂŁo morre jĂĄ quem vive ausente,pois a vida sem ti nĂŁo presta nada?
Responde SĂlvio:-Amor nĂŁo o consente,
que ofende as esperanças da tornada.