Opiniões Influenciadas pelo Interesse
A maior parte das coisas pode ser considerada sob pontos de vista muito diferentes: interesse geral ou interesse particular, principalmente. A nossa atenção, naturalmente concentrada sob o aspecto que nos Ă© proveitoso, impede que vejamos os outros. O interesse possui, como a paixĂŁo, o poder de transformar em verdade aquilo em que lhe Ă© Ăştil acreditar. Ele Ă©, pois, freqĂĽentemente, mais Ăştil do que a razĂŁo, mesmo em questões em que esta deveria ser, aparentemente, o guia Ăşnico. Em economia polĂtica, por exemplo, as convicções sĂŁo de tal modo inspiradas pelo interesse pessoal que se pode, em geral, saber prĂ©viamente, conforme a profissĂŁo de um indivĂduo, se ele Ă© partidário ou nĂŁo do livre câmbio.
As variações de opiniĂŁo obedecem, naturalmente, Ă s variações do interesse. Em matĂ©ria polĂtica, o interesse pessoal constitui o principal factor. Um indivĂduo que, em certo momento, energicamente combateu o imposto sobre a renda, com a mesma energia o defenderá mais, se conta ser ministro. Os socialistas enriquecidos acabam, em geral, conservadores, e os descontentes de um partido qualquer se transformam facilmente em socialistas.
O interesse, sob todas as suas formas, não é somente gerador de opiniões. Aguçado por necessidades muito intensas, ele enfraquece logo a moralidade.
Textos sobre Atenção de Gustave Le Bon
2 resultadosO Regulador do Prazer e da Dor: o Hábito
O hábito Ă© o grande regulador da sensibilidade; ele determina a continuidade dos nossos atos, embota o prazer e a dor e nos familiariza com as fadigas e com os mais penosos esforços. O mineiro habitua-se tĂŁo bem Ă sua dura existĂŞncia que dela se recorda saudoso quando a idade o obriga a abandoná-la e o condena a viver ao sol. O hábito, regulador da vida habitual, Ă© tambĂ©m o verdadeiro sustentáculo da vida social. Pode-se compará-lo Ă inĂ©rcia, que se opõe, em mecânica, Ă s variações de movimento. A dificuldade para um povo consiste, primeiramente, em criar hábitos sociais, depois em nĂŁo permanecer muito tempo neles. Quando o jugo dos hábitos pesou muito tempo num povo, ele sĂł se liberta desse jugo por meio de revoluções violentas. O repouso na adaptação, que o hábito consiste, nĂŁo se deve prolongar. Povos envelhecidos, civilizações adiantadas, indivĂduos idosos tendem a sofrer demasiado o jugo do costume, isto Ă©, do hábito.
Seria inútil dissertar longamente sobre o seu papel, que mereceu a atenção de todos os filósofos e se tornou um dogma da sabedoria popular.
“Que sĂŁo os nossos princĂpios naturais”, diz Pascal, “senĂŁo os nossos princĂpios acostumados. E nas crianças,