Textos sobre AusĂȘncia de JosĂ© LuĂ­s Nunes Martins

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Textos de ausĂȘncia de JosĂ© LuĂ­s Nunes Martins. Leia este e outros textos de JosĂ© LuĂ­s Nunes Martins em Poetris.

Para Além do Hoje

Cada vez mais se vive o momento. Fugimos do passado e temos medo do futuro, o que implica que somos forçados a viver um presente demasiado pequeno.

Os tempos de descanso devem ser ocasião de trabalho interior. Mas, vai sendo cada vez mais raro encontrar gente com memória, assim com também é raro encontrar pessoas com discernimento suficiente para se comprometerem em projetos a longo prazo.

Navega-se Ă  vista… sem riscos, sem sucessos nem fracassos… sem sentido. Vamos dando as respostas mĂ­nimas ao mundo e aos outros, em vez de sermos protagonistas dos nossos sonhos e herĂłis apesar das nossas derrotas.
O passado e o futuro nĂŁo sĂŁo mentira. SĂŁo partes da verdade. Sou o que fui e o que serei. Uma identidade que vive no tempo, uma coerĂȘncia que se constrĂłi atravĂ©s diferentes espaços e tempos, amando o que hĂĄ de eterno em cada momento. Elevando o espĂ­rito acima da realidade concreta do mundo.

Uma existĂȘncia autĂȘntica – uma vida com valor – constrĂłi-se com uma estrutura sĂłlida, equilibrada e aberta a horizontes mais longĂ­nquos em termos temporais. Um presente maior, com mais passado e mais futuro. Sermos quem somos, de olhos abertos.

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Amar Ă© arriscar. Tudo.

O amor Ă© algo extraordinĂĄrio e muito raro. Ao contrĂĄrio do que se pensa nĂŁo Ă© universal, nĂŁo estĂĄ ao alcance de todos, muito poucos o mantĂȘm aqui. Chama-se amor a muita coisa, desde todos os seus fingimentos atĂ© ao seu contrĂĄrio: o egoĂ­smo.

A banalidade do gosto de ti porque gostas de mim é uma aberração intelectual e um sentimento mesquinho. Negócio estranho de contabilidade organizada. Amar na verdade, amar, é algo que poucos aguentam, prefere-se mudar o conceito de amor a trocar as voltas à vida quando esta parece tão confortåvel.
Amar Ă© dar a vida a um outro. A sua. A Ășnica. Arriscar tudo. Tudo. A magnĂ­fica beleza do amor reside na total ausĂȘncia de planos de contingĂȘncia. Quando se ama, entrega-se a vida toda, ali, desprotegido, correndo o tremendo risco de ficar completamente sĂł, assumindo-o com coragem e dando um passo adiante. Por isso a morte pode tĂŁo pouco diante do amor. Quase nada. Ama-se por cima da morte, porquanto o fim nĂŁo Ă© o momento em que as coisas se separam, mas o ponto em que acabam.

NĂŁo Ă© por respirar que estamos vivos, mas Ă© por nĂŁo amar que estamos mortos.

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O Medo do Fim

Alguns pensam que a felicidade Ă© a ausĂȘncia de sofrimento… mas, na verdade, estĂĄ errada essa ideia. A felicidade e o sofrimento sĂŁo ambos pilares fundamentais da existĂȘncia. Sem sofrimento a nossa humanidade nĂŁo seria provada e os nossos dias nĂŁo teriam valor. Assim tambĂ©m a felicidade, sendo a alegria mais profunda, Ă© o que dĂĄ sentido a todas as noites… nĂŁo sĂŁo realidades que se possam medir, mas nĂŁo deixam de ser algo tĂŁo concreto como as nossas duas mĂŁos, que sempre trabalham em conjunto, sabendo cada uma o seu papel e o seu valor.

Evitar a dor nĂŁo nos torna mais fortes.

Tememos as perdas. Tememos a morte. Talvez porque o nada Ă© um abismo que assusta todos quantos tĂȘm uma vida com valor. Porque somos impelidos a defender o significado do que erguemos aqui. NĂŁo se quer aceitar que tudo quanto se construiu, durante uma vida, seja suprimido sem deixar rasto. Quantas vezes nĂŁo Ă© o momento do fim que se teme, mas antes o que se pode fazer atĂ© lĂĄ?
Caminhar rumo ao desconhecido Ă© uma prova de coragem e de fĂ© diante das evidĂȘncias deste mundo. Os olhos nĂŁo querem ver nem as pernas caminhar,

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O SustentĂĄculo do Amor

A paz é algo que nenhum homem pode dar a outro. Um dos fins mais importantes para quem arrisca ser quem é serå o de construir a sua própria paz. Esta resulta de um trabalho duro de equilíbrio das vontades, de uma harmonização årdua das diferentes dimensÔes interiores, como o pensar e o sentir; é um estado ågil e dinùmico que, ao limite, permite ultrapassar e vencer qualquer adversidade.
A paz nĂŁo Ă© o estado de quem vive uma ausĂȘncia de conflitos, Ă© o resultado da conciliação corajosa das diferentes forças que, dentro e fora de cada homem, tentam prevalecer sobre as demais, menosprezando-se mutuamente.

Muitos são os que julgam ter encontrado a paz quando se livram do sonho do amor. Estão enganados, o caminho até à felicidade é ainda longo para quem cansado assim se contenta, repousando de uma luta que nem chegou a começar.

A paz é um ponto de passagem de quem ruma à plenitude da vida. A paz é o ponto de partida para o amor, que por sua vez lança o homem para a felicidade. A paz é o ponto de chegada dos que sofrem as dores mais profundas.

A verdade Ă© tranquila.

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