A Indiferença ou a Paixão pelos Outros

O que Ă© mais proveitoso — perguntava eu — representar o mundo como pequeno ou como grande? Vejamos como eu resolvia o assunto: os homens eminentes, os capitĂŁes famosos, os estadistas competentes, em suma, todos os conquistadores e todos os chefes que se elevam pela violĂȘncia acima dos outros homens, devem ser feitos de tal maneira que o Mundo lhes deve parecer como um tabuleiro de damas. Se assim nĂŁo fosse, eles nĂŁo teriam a rudeza e a impassibilidade necessĂĄrias para subordinarem audaciosamente aos seus imprevisĂ­veis planos a felicidade e os sofrimentos dos indivĂ­duos isolados, sem se importarem nada com isso. Em contrapartida, uma tĂŁo limitada concepção pode levar os homens a nĂŁo realizarem coisa alguma, porque todo aquele que considera a humanidade como uma coisa sem importĂąncia acabarĂĄ por a achar insignificante e por soçobrar na indiferença e na passividade. Desdenhoso de tudo, preferirĂĄ a inĂ©rcia Ă  acção sobre os espĂ­ritos, sem contar que a sua insensibilidade, a sua ausĂȘncia de simpatia e a sua letargia chocarĂŁo toda a gente, ofendendo constantemente um mundo imbuĂ­do do seu prĂłprio valor. Assim se lhe fecharĂŁo todas as vias de um sucesso imprevisto. SerĂĄ mais razoĂĄvel — perguntava eu, entĂŁo — ver na humanidade qualquer coisa de grande,

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