Textos sobre Casas de Henry Miller

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Textos de casas de Henry Miller. Leia este e outros textos de Henry Miller em Poetris.

EnvolvĂȘ-la nos Meus Braços

TrĂȘs minutos depois de vocĂȘ ter partido. NĂŁo, nĂŁo consigo reprimi-lo. Digo-lhe o que jĂĄ sabe: amo-a. É isto que destruĂ­ vezes sem conta. Em Dijon, escrevi-lhe cartas longas e apaixonadas (se vocĂȘ tivesse permanecido na Suíça ter-lhas-ia enviado), mas como posso eu enviĂĄ-las para Louveciennes?

Anais, nĂŁo posso dizer muito agora – encontro-me demasiado alterado. Quase nĂŁo consegui conversar consigo, porque estava continuamente prestes a levantar-me e a envolvĂȘ-la nos meus braços. Tinha esperanças de que vocĂȘ nĂŁo tivesse de ir jantar a casa… De que pudĂ©ssemos ir a algum lado jantar e dançar. VocĂȘ dança… JĂĄ sonhei com isso vezes sem conta… Eu a dançar consigo, ou vocĂȘ a dançar sozinha com a cabeça inclinada para trĂĄs e os olhos semicerrados. Algum dia tem de dançar para mim dessa maneira. Esse Ă© o seu Eu espanhol, o tal sangue andaluz destilado.

Estou sentado no seu lugar e jĂĄ levei aos lĂĄbios o copo onde vocĂȘ bebeu. Mas nĂŁo sei o que dizer. O que vocĂȘ me leu pĂŽs-me a cabeça Ă s voltas. A sua linguagem Ă© ainda mais avassaladora do que a minha. Comparado consigo, nĂŁo passo de um petiz… porque, quando o Ăștero que hĂĄ em si fala,

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Uma Completa Fome por Ti

Anais,

NĂŁo esperes que continue sĂŁo. NĂŁo vamos ser sensatos. Foi um casamento, em Louveciennes — nĂŁo podes negĂĄ-lo. Voltei com pedaços de ti pegados a mim. Estou a andar, a nadar num oceano de sangue, o teu sangue andaluz, destilado e venenoso. Tudo o que faço e digo e penso tem a ver com o casamento. Vi-te como a senhora do teu lar, uma moura de cara pesada, uma negra com um corpo branco, olhos por toda a tua pele, mulher, mulher, mulher. NĂŁo consigo ver como conseguirei viver longe de ti — estas interrupçÔes sĂŁo uma morte. Como te pareceu quando o Hugo voltou? Eu continuava aĂ­? NĂŁo consigo imaginar-te a moveres-te com ele como fizeste comigo. Pernas fechadas. Fragilidade. Doce, traiçoeira aquiescĂȘncia. Docilidade de pĂĄssaro. Tornaste-te uma mulher comigo. Isso quase me aterrorizou. NĂŁo tens sĂł trinta anos de idade… Tens mil anos de idade.

Aqui estou de volta e ainda fervilhando de paixão, como vinho a fermentar. Não uma paixão apenas da carne, mas uma completa fome por ti, uma fome devoradora. Leio no jornal acerca de suicídios e homicídios e compreendo-o perfeitamente. Sinto-me assassino, suicida. Sinto talvez ser uma desgraça nada fazer,

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Se Pudesses Estar Comigo Vinte e Quatro horas do Dia

Se pudesses estar comigo durante as vinte e quatro horas do dia, observar cada gesto meu, dormir comigo, comer comigo, trabalhar comigo, tudo isto nĂŁo poderia ter lugar. Quando me vejo afastado de ti, penso em ti constantemente e isso dĂĄ cor a tudo o que eu diga ou faça. Se soubesses o quĂŁo fiel te sou! NĂŁo apenas fisicamente, mas mentalmente, moralmente, espiritualmente. Aqui nĂŁo hĂĄ qualquer tentação para mim, absolutamente nenhuma. Estou imune a Nova Iorque, aos meus velhos amigos, ao passado, a tudo. Pela primeira vez na minha vida, estou completamente centrado em outro ser… Em ti. Sinto-me capaz de dar tudo, sem ter medo de ficar exaurido ou de me ver perdido. Quando ontem escrevi no meu artigo que «se eu nunca tivesse ido para a Europa…», nĂŁo era a Europa que tinha em mente, mas sim tu.

Mas nĂŁo posso dizer isso ao mundo num artigo. Tu Ă©s a Europa. Pegaste em mim, um homem despedaçado, e tornaste-me completo. E nĂŁo hei-de desintegrar-me — nĂŁo existe o menor perigo disso. Mas agora vejo-me mais sensĂ­vel, mais receptivo a qualquer sinal de perigo. Se te persigo loucamente, se te imploro para ouvires, se fico Ă  tua porta e espero por ti,

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