Cessa de Correr !

Se nĂŁo cessas de correr, marulhando no ar tĂ©pido com as tuas mĂŁos como natatĂłrios, olhando furtivamente tudo diante de que passas no meio-sono apressado, acontecer-te-ĂĄ tambĂ©m um dia deixar passar diante de ti o carro. Se te mantiveres firme, pelo contrĂĄrio, com o poder do teu olhar fazendo crescer as raĂ­zes em profundidade e em comprimento – nada entĂŁo te poderĂĄ eliminar – em virtude nĂŁo das raĂ­zes mas da força do teu olhar que escruta – serĂĄ entĂŁo que verĂĄs o longĂ­nquo imutavelmente obscuro de onde nada pode surgir a nĂŁo ser precisamente uma vez este carro que rola para ti, que se aproxima, cada vez maior e que, no prĂłprio instante em que entras em tua casa, enche o mundo enquanto mergulhas nele como uma criança no banco acolchoado de uma diligĂȘncia que corre atravĂ©s da tempestade e da noite.