Os Livros Representam a EssĂȘncia de um EspĂrito
As obras sĂŁo a quintessĂȘncia de um espĂrito: por conseguinte, mesmo se este for o espĂrito mais sublime, elas sempre serĂŁo, sem comparação, mais ricas de contĂșdo do que a sua companhia, e a substituirĂŁo tambĂ©m na essĂȘncia – ou melhor, ultrapassĂĄ-la-ĂŁo em muito e a deixarĂŁo para trĂĄs: AtĂ© mesmo os escritos de uma cabeça medĂocre podem ser instrutivos, dignos de leitura e divertidos, justamente porque sĂŁo sua quintessĂȘncia, o resultado, o fruto de todo o seu pensamento e estudo; enquanto a sua companhia nĂŁo nos consegue satisfazer. Sendo assim, podem-se ler livros de pessoas em cujas companhias nĂŁo se encontraria nenhum prazer, e Ă© por essa razĂŁo que uma cultura intelectual elevada nos induz pouco a pouco a encontrar o nosso prazer quase exclusivamente na leitura dos livros, e nĂŁo na conversa com as pessoas.
NĂŁo hĂĄ maior refrigĂ©rio para o espĂrito do que a leitura dos clĂĄssicos antigos: tĂŁo logo temos um deles nas mĂŁos, e mesmo que seja por apenas meia hora, sentimo-nos imdediatamente refrescados, aliviados, purificados, elevados e fortalecidos; como se nos tivĂ©ssemos deleitado na fonte fresca de uma rocha. Tal facto depende das lĂnguas antigas e da sua perfeição ou da grandeza dos espĂritos,
Textos sobre Escritos de Arthur Schopenhauer
2 resultadosBoa e MĂĄ Literatura
O que acontece na literatura nĂŁo Ă© diferente do que acontece na vida: para onde quer que se volte, depara-se imediatamente com a incorrigĂvel plebe da humanidade, que se encontra por toda a parte em legiĂ”es, preenchendo todos os espaços e sujando tudo, como as moscas no verĂŁo.
Eis a razĂŁo do nĂșmero incalculĂĄvel de livros maus, essa erva daninha da literatura que tudo invade, que tira o alimento do trigo e o sufoca. De facto, eles arrancam tempo, dinheiro e atenção do pĂșblico – coisas que, por direito, pertencem aos bons livros e aos seus nobres fins – e sĂŁo escritos com a Ășnica intenção de proporcionar algum lucro ou emprego. Portanto, nĂŁo sĂŁo apenas inĂșteis, mas tambĂ©m positivamente prejudiciais. Nove dĂ©cimos de toda a nossa literatura actual nĂŁo possui outro objectivo senĂŁo o de extrair alguns tĂĄleres do bolso do pĂșblico: para isso, autores, editores e recenseadores conjuraram firmemente.
Um golpe astuto e maldoso, porĂ©m notĂĄvel, Ă© o que teve ĂȘxito junto aos literatos, aos escrevinhadores que buscam o pĂŁo de cada dia e aos polĂgrafos de pouca conta, contra o bom gosto e a verdadeira educação da Ă©poca, uma vez que eles conseguiram dominar todo o mundo elegante,