Passagens sobre Medíocres

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As Vantagens de se Ser um Pobre-Diabo

Para aquele que não é nobre, mas dotado de algum talento, ser um pobre-diabo é uma verdadeira vantagem e uma recomendação. Pois o que cada um mais procura e aprecia, não apenas na simples conversação, mas sobretudo no serviço público, é a inferioridade do outro. Ora, só um pobre-diabo está convencido e compenetrado em grau suficiente da sua completa, profunda, decisiva, total inferioridade e da sua plena insignificância e ausência de valor, tal como exige o caso. Apenas ele, portanto, inclina-se amiúde e por bastante tempo, e apenas a sua reverência atinge plenos noventa graus; apenas ele suporta tudo e ainda sorri; apenas ele conhece como obras-primas, em público, em voz alta ou em grandes caracteres, as inépcias literárias dos seus superiores ou dos homens influentes em geral; apenas ele sabe como mendigar; por conseguinte, apenas ele se pode tornar um iniciado, a tempo, portanto, na juventude, naquela verdade oculta que Goethe nos revelou nos seguintes termos:

Sobre a baixeza

Que ninguém se lamente:

Pois ela é a potência,

Não importa o que te digam.
Em contrapartida, quem já nasceu com uma fortuna que lhe garanta a existência irá posicionar-se, na maioria das vezes,

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Os Exemplos são Guias que nos Desencaminham com Frequência

Seja qual for a diferença que exista entre os bons e os maus exemplos, convenhamos que ambos dão mau resultado. Nem sequer sei se os crimes de Tibério ou de Nero nos afastam mais dos vícios do que os exemplos paradigmáticos dos grandes homens que supostamente nos encaminham para a virtude. Veja-se como a valentia de Alexandre produziu gabarolas! Veja-se até que ponto a glória de César permitiu actos antipáticos! Repare-se como Roma e Esparta louvaram virtudes selvagens! Diógenes criou tantos filósofos importunos, Cícero citou tagarelas, Pompónio Ático citou pessoas medíocres e preguiçosas, Mário e Sila, pessoas vingativas, Lucullus, pessoas voluptuosas, Alcibíades e António citaram debochados e Capão citou pessoas teimosas! Todos estes famosos protótipos produziram um número enorme de más reproduções. As virtudes são vizinhas dos vícios. Os exemplos são guias que nos desencaminham com frequência e, como estamos tão cheios de mentiras, não deixamos de usá-las tanto para nos afastarmos do caminho da virtude como para segui-lo.

Não te Queixes

Não te queixes. Recolhe em ti a amargura, não a disperses, não a esbanjes com os outros. Ela é tua, nasceu de ti, da tua miséria, pertence-te como os ossos e as vísceras. Concentra-te nela, absorve-a, faz dela a tua grandeza. Porque só se é grande pelo sofrimento, não pela futilidade do prazer. As pedras não sofrem, Cristo esteve «triste até à morte». Tem desprezo pelos homens felizes, porque dos homens felizes «não reza a história». Só a dor pode medir o teu tamanho de excepção, só ela pode medir o que tu vales. O sofrimento medíocre não dá mais do que a comédia, mas a grandeza da tragédia só pode atribuir-se aos grandes. Não te aconselho a que vás ao encontro da amargura, mas se ela vier ter contigo, acolhe-a com serenidade. Não sucumbas aos seus golpes, aguenta-os até onde puderes. E se és homem de verdade, tu a aguentarás.
Também as grandes alegrias são do destino dos grandes, porque elas são irmãs dos grandes sofrimentos. Só os pequenos e mesquinhos se alegram e sofrem com o que é mesquinho e pequeno. Aquilo que é pequeno é imperceptível a quem o não é. Que juízo fazem de ti,

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Uma Nova Etapa na Vida a partir da Leitura de um Livro

Somos subeducados, atrasados e analfabetos; e neste particular confesso que não faço grande distinção entre a ignorância do meu concidadão que não sabe absolutamente ler nada, e a ignorância do que apenas aprendeu a ler o que se destina a crianças e inteligências medíocres. Deveríamos estar à altura dos grandes da Antiguidade, mas em parte por saber primacialmente quão grandes eles foram. Somos uma raça de homens-passarinhos; nos nossos voos intelectuais mal nos alçamos um pouco acima das colunas do jornal.
Nem todos os livros são tão insípidos como os seus leitores. É provável que haja palavras endereçadas exactamente à nossa condição, as quais, se de facto pudéssemos ouvi-las e entendê-las, seriam mais salutares às nossas vidas que a própria manhã ou a Primavera, revelando-nos talvez uma face inédita das coisas.
Quantos homens não inauguraram uma nova etapa na vida a partir da leitura de um livro! Deve existir para nós o livro capaz de explicar os nossos mistérios e de revelar outros insuspeitados. As coisas que ora nos parecem inexprimíveis, podemos encontrá-las expressas algures.
As mesmas questões que nos inquietam, intrigam e confundem, foram postas por sua vez a todos os homens sábios; nenhuma foi omitida,

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A Importância de uma Segunda Leitura

As obras mais próximas da perfeição têm normalmente a faculdade de à segunda leitura agradarem mais do que à primeira. O contrário acontece com muitos livros compostos com um talento e um esforço apenas medíocres, mas apesar disso não privados de algum valor intrínseco e aparente; os quais, lidos uma segunda vez, descem na opinião que o homem deles fizera quando da primeira leitura. Mas se forem lidos, tanto uns como os outros, um única vez, enganam por vezes de tal maneira até mesmo os doutos e experientes, que os óptimos são preteridos a favor dos medíocres.

Algumas pessoas preferem ser medíocres. Outras, quando resolvem não ser, correm o risco de perder amigos

Uma diferença entre uma grande obra de arte e uma obra medíocre é que a grande obra tende a tornar-se um lugar-comum e a medíocre não o consegue por já o ser.

Um homem pode ser um herói se ele é um cientista, ou um soldado, ou um viciado em drogas, ou um locutor, ou um medíocre político mesquinho. Um homem pode ser um herói porque ele sofre e se desespera; ou porque ele pensa logicamente e analiticamente; ou porque ele é “sensível”; ou porque ele é cruel. Riqueza estabelece um homem como um herói, assim como a pobreza. Virtualmente qualquer circunstância na vida de um homem o tornará um herói para algum grupo de pessoas e tem uma versão mítica na cultura — na literatura, arte, teatro, ou nos jornais diários.

Os Livros Representam a Essência de um Espírito

As obras são a quintessência de um espírito: por conseguinte, mesmo se este for o espírito mais sublime, elas sempre serão, sem comparação, mais ricas de contúdo do que a sua companhia, e a substituirão também na essência – ou melhor, ultrapassá-la-ão em muito e a deixarão para trás: Até mesmo os escritos de uma cabeça medíocre podem ser instrutivos, dignos de leitura e divertidos, justamente porque são sua quintessência, o resultado, o fruto de todo o seu pensamento e estudo; enquanto a sua companhia não nos consegue satisfazer. Sendo assim, podem-se ler livros de pessoas em cujas companhias não se encontraria nenhum prazer, e é por essa razão que uma cultura intelectual elevada nos induz pouco a pouco a encontrar o nosso prazer quase exclusivamente na leitura dos livros, e não na conversa com as pessoas.
Não há maior refrigério para o espírito do que a leitura dos clássicos antigos: tão logo temos um deles nas mãos, e mesmo que seja por apenas meia hora, sentimo-nos imdediatamente refrescados, aliviados, purificados, elevados e fortalecidos; como se nos tivéssemos deleitado na fonte fresca de uma rocha. Tal facto depende das línguas antigas e da sua perfeição ou da grandeza dos espíritos,

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A inteligência e a vivacidade da mulher afugentam de ordinário os homens medíocres, cujo orgulho de posse prefere, à beleza vivaz e raciocinadora, a beleza triste, passiva, submissa e silenciosa.