Textos sobre Fatos de Immanuel Kant

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Textos de fatos de Immanuel Kant. Leia este e outros textos de Immanuel Kant em Poetris.

Os Germes da Natureza

Numa floresta, as árvores, justamente pelo facto de que uma tenta arrebatar da outra o ar e o sol, esforçam-se à porfia por se ultrapassarem umas às outras e, portanto, crescem belas e erectas. Porém, pelo contrário, as que lançam em liberdade os seus ramos segundo a sua vontade, afastadas de outras árvores, crescem mirradas, contorcidas e curvadas. Toda a cultura, toda a arte, que ornamentam a humanidade, assim como a ordem social mais bela, são frutos da falta de sociabilidade, que é forçada por si mesma a disciplinar-se e a desabrochar com isso por completo, impondo-se tal artifício, os germes da natureza.

A Razão ao Serviço do Instinto

O homem é um ser que tem necessidades na medida em que pertence ao mundo sensível, e, a esse respeito, a sua razão tem certamente um encargo que não pode declinar em relação à sensibilidade, o de se ocupar dos interesses da última, o de constituir máximas práticas, em vista da felicidade desta vida e também, quando é possível, da felicidade de uma vida futura. Mas não é, no entanto, tão completamente animal para ser indiferente a tudo o que a razão lhe diz por ela mesma e para empregá-la simplesmente como um instrumento próprio para satisfazer as suas necessidades como ser sensível. Pois o facto de ter a razão não lhe dá absolutamente um valor superior à simples animalidade, se ela só devesse servir-lhe para o que o instinto realiza nos animais.

O Campo da Experiência Nunca nos Satisfaz

Sendo todos os princípios do nosso entendimento apenas aplicáveis a objectos da experiência possível, toma-se evidente que todo raciocínio racional, que se aplica às coisas situadas fora das condições da experiência, ao invés de alcançar a verdade, apenas deve necessariamente chegar a uma aparência e a uma ilusão.
Mas o que caracteriza tal ilusão é que ela é inevitável (…) a tal ponto que, mesmo quando já nos apercebemos da sua falsidade, nos não podemos libertar dela. (…) De facto, o campo da experiência nunca nos satisfaz. (…) A nossa razão, para se satisfazer, deve, pois, necessariamente, tentar ultrapassar os limites da experiência e, por consequência, persuadir-se infalivelmente de que por esse caminho alcançará a extensão e a integralidade dos seus conhecimentos, coisa que ela não pode encontrar no campo dos fenómenos. Mas esta persuasão é uma ilusão completa: estando totalmente para além dos limites da nossa experiência sensível todos os conceitos e princípios do entendimento, e não podendo então ser aplicados a qualquer objecto, a razão ilude-se a si mesma quando atribui um valor objectivo a máximas completamente subjectivas, que, na realidade, apenas admite para sua própria satisfação.
(…) Todos os nossos raciocínios que pretendem sair do campo da experiência são ilusórios e infundamentados.

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A Razão é Contrária à Felicidade

Quanto mais uma razão cultivada se consagra ao gozo da vida e da felicidade, tanto mais o homem se afasta do verdadeiro contentamento; e daí provém que em muitas pessoas, e nomeadamente nas mais experimentadas no uso da razão, se elas quiserem ter a sinceridade de o confessar, surja um certo grau de misologia, quer dizer de ódio à razão. E isto porque, uma vez feito o balanço de todas as vantagens que elas tiram, não digo já da invenção de todas as artes do luxo vulgar, mas ainda das ciências (que a elas lhes parecem no fim e ao cabo serem também um luxo do entendimento), descobrem contudo que mais se sobrecarregaram de fadigas do que ganharam em felicidade, e que por isso finalmente invejam mais do que desprezam os homens de condição inferior que estão mais próximos do puro instinto natural e não permitem à razão grande influência sobre o que fazem ou deixam de fazer. E até aqui temos de confessar que o juízo daqueles que diminuem e mesmo reduzem a menos de zero os louvores pomposos das vantagens que a razão nos teria trazido no tocante à felicidade e ao contentamento da vida, não é de forma alguma mal-humorado ou ingrato para com a vontade do governo do mundo,

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É Impossível Criar um Ser Livre

É impossível compreender a produção de um ser dotado de liberdade por uma operação física. Não se pode nem mesmo compreender como é possível Deus criar seres livres; de facto, parece que todas as suas acções futuras deveriam ser predeterminadas por esse primeiro acto e compreendidas na cadeia da necessidade natural e, consequentemente, elas não seriam livres.