Textos sobre Fim de Ant贸nio Vieira

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Textos de fim de Ant贸nio Vieira. Leia este e outros textos de Ant贸nio Vieira em Poetris.

As Quatro Ignor芒ncias do Amante

Quatro ignor芒ncias podem concorrer em um amante, que diminuam muito a perfei莽茫o e merecimento de seu amor. Ou porque n茫o se conhecesse a si: ou porque n茫o conhecesse a quem amava: ou porque n茫o conhecesse o amor: ou porque n茫o conhecesse o fim onde h谩-de parar, amando. Se n茫o se conhecesse a si, talvez empregaria o seu pensamento onde o n茫o havia de p么r, se se conhecera. Se n茫o conhecesse a quem amava, talvez quereria com grandes finezas a quem havia de aborrecer, se o n茫o ignorara. Se n茫o conhecesse o amor, talvez se empenharia cegamente no que n茫o havia de empreender, se o soubera. Se n茫o conhecesse o fim em que havia de parar, amando, talvez chegaria a padecer os danos a que n茫o havia de chegar se os previra.

Somos P贸

Esta nossa chamada vida, n茫o 茅 mais do que um c铆rculo que fazemos de p贸 a p贸: do p贸 que fomos ao p贸 que havemos de ser. Uns fazem o c铆rculo maior, outros menor, outros mais pequeno, outros m铆nimo: De utero translatus ad tumulum: Mas ou o caminho seja largo, ou breve, ou brev铆ssimo; como 茅 c铆rculo de p贸 a p贸 sempre e em qualquer parte da vida somos p贸. Quem vai circularmente de um ponto para o mesmo ponto, quanto mais se aparta dele, tanto mais se chega para ele: e quem, quanto mais se aparta, mais se chega, n茫o se aparta. O p贸 que foi nosso princ铆pio, esse mesmo e n茫o outro 茅 o nosso fim, e porque caminhamos circularmente deste p贸 para este p贸, quanto mais parece que nos apartamos dele, tanto mais nos chegamos para ele: o passo que nos aparta, esse mesmo nos chega; o dia que faz a vida, esse mesmo a desfaz; e como esta roda que anda e desanda juntamente, sempre nos vai moendo, sempre somos p贸.