O Amor Ă© um Exagerador

As coisas boas, como o amor e a sabedoria, nĂŁo trazem a felicidade pela simples razĂŁo que as coisas boas tĂȘm, para ser boas, de ser «boas por si mesmas». NĂŁo podem ser boas por aquilo que trazem. Pelo contrĂĄrio, tĂȘm um preço. O mais das vezes, o preço do amor e da sabedoria, ambos artigos finos, artigos de luxo, coisas boas, Ă© a infelicidade. Quando se ama, ou quando se estuda muito, fica-se sujeito Ă s vontades e Ă s verdades mais alheias. Nada depende quase nada de nĂłs. E sofre-se. Irritam as pessoas que esperam que o amor traga a felicidade. É como esperar que os morangos tragam as natas. O amor nĂŁo Ă© um meio para atingir um fim — nĂŁo Ă© atravĂ©s do amor que se chega Ă  felicidade. O amor Ă© um exagerador — exagera os ĂȘxtases e as agonias, torna tudo o que nĂŁo lhe diz respeito (o mundo inteiro) numa coisa pequenina. Assim como a arte tem de ser pela arte e a ciĂȘncia pela ciĂȘncia (seria um horror ouvir alguĂ©m dizer «Eu quero ser pintor ou biĂłlogo para ganhar muito dinheiro e ir a muitas festas e ter duas carrinhas Volvo com galgos do AfeganistĂŁo lĂĄ dentro»),

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