A Amizade Exercita-se
à um erro desejar ser compreendido antes de se ser elucidado por si mesmo a seus próprios olhos. à procurar prazeres na amizade, e não méritos. à qualquer coisa de mais corruptor ainda do que o amor. Venderias a tua alma por amor.
Aprende a repelir a amizade, ou melhor, o sonho da amizade. Desejar a amizade Ă© um grande erro. A amizade deve ser uma alegria gratuita como as que a arte ou a vida oferecem. Ă preciso recusĂĄ-la para se ser digno de a receber: ela Ă© da categoria da graça («Meu Deus, afastai-vos de mim…»). Ă dessas coisas que sĂŁo dadas por acrĂ©scimo. Toda a ilusĂŁo de amizade merece ser destruĂda. NĂŁo Ă© por acaso que nunca foste amado… Desejar escapar Ă solidĂŁo Ă© uma cobardia. A amizade nĂŁo se procura, nĂŁo se imagina, nĂŁo se deseja; exercita-se (Ă© uma virtude). Abolir toda esta margem de sentimento, impura e enevoada. Schluss!
Ou melhor (pois nĂŁo Ă© necessĂĄrio desbastar-se a si mesmo rigorosamente), tudo o que, na amizade, nĂŁo passe por alteraçÔes efectivas deve passar por pensamentos ponderados. Ă absolutamente inĂștil privar-se da virtude inspiradora da amizade. O que deve ser severamente proibido, Ă© sonhar com os prazeres do sentimento.
Textos sobre InĂșteis de Simone Weil
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