Cerimonial do Amor
Se nĂŁo houver esperanças de que o teu amor seja recebido, o que tens a fazer Ă© nĂŁo o declarar. Poderá desenvolver-se em ti, num ambiente de silĂŞncio. Esse amor proporciona-te entĂŁo uma direcção que permite aproximares-te, afastares-te, entrares, saĂres, encontrares, perderes. Porque tu Ă©s aquele que tem de viver. E nĂŁo há vida se nenhum deus te criou linhas de força.
Se o teu amor não é recebido, se ele se transforma em súplica vã como recompensa da tua fidelidade, se não tens coração para te calares, nessa altura vai ter com um médico para ele te curar. É bom não confundir o amor com a escravatura do coração. O amor que pede é belo, mas aquele que suplica é amor de criado.
Se o teu amor esbarra com o absoluto das coisas, se por exemplo tem de franquear a impenetrável parede de um mosteiro ou do exĂlio, agradece a Deus que ela por hipĂłtese retribua o teu amor, embora na aparĂŞncia se mostre surda e cega. Há uma lamparina acesa para ti neste mundo. Pouco me importa que tu nĂŁo possas servir-te dela. Aquele que morre no deserto tem a riqueza de uma casa longĂnqua, embora morra.
Textos sobre Longe de Antoine de Saint-Exupéry
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Liberta o Homem, e Ele Criará
Eu hei-de esculpir o futuro ao jeito do criador que extrai a obra de mármore a golpes de cinzel. E caem uma a uma as escamas que escondiam o rosto do deus. E os outros dirĂŁo: Este mármore continha este deus. Ele o que fez foi encontrá-lo. E o gesto dele nĂŁo passava de um meio. Mas eu cá digo que ele nĂŁo calculava, ele forjava a pedra. O sorriso do rosto está muito longe de ser feito de suor, de faĂscas, de golpes de cinzel e de mármore. O sorriso nĂŁo Ă© da pedra, mas sim do criador. Liberta o homem, e ele criará.