Aptidão, Vontade, e Acção
No reino da Natureza dominam o movimento e o agir. No reino da liberdade dominam a aptidĂŁo e o querer. O movimento Ă© perpĂ©tuo e, sendo favorĂĄveis as circunstĂąncias, manifesta-se necessariamente nos fenĂłmenos. As aptidĂ”es, desenvolvendo-se embora em correspondĂȘncia com a Natureza, tĂȘm contudo que ser postas em exercĂcio por parte da vontade para poderem elevar-se gradualmente. Ă por isso que nunca temos no exercĂcio livre da vontade a mesma certeza que temos na autonomia do agir natural; este Ășltimo Ă© qualquer coisa que se produz a si mesma enquanto que o primeiro Ă© produzido.
O exercĂcio da vontade, para ser perfeito e eficaz, tem que se adequar: no plano moral, Ă consciĂȘncia – a uma consciĂȘncia sem erro -, e, no domĂnio das artes, Ă regra – a uma regra que em nenhum lado estĂĄ enunciada. A consciĂȘncia nĂŁo precisa de nenhum patrocĂnio, porque tem tudo o que lhe Ă© necessĂĄrio e porque sĂł tem que ver com o mundo pessoal interior. O gĂ©nio tambĂ©m nĂŁo precisaria de nenhuma regra, mas, uma vez que a sua eficĂĄcia se dirige para o exterior, estĂĄ na dependĂȘncia de mĂșltiplas contingĂȘncias materiais e temporais, nĂŁo lhe sendo possĂvel escapar a erros que daĂ decorrem.
Textos sobre Moral de Johann Wolfgang von Goethe
2 resultadosIgualdade nĂŁo Ă© Liberdade
Todos os homens são iguais em sociedade. Nenhuma sociedade se pode fundamentar noutra coisa que não seja a noção de igualdade. Acima de tudo não pode fundamentar-se no conceito de liberdade. A igualdade é qualquer coisa que quero encontrar na sociedade, ao passo que a liberdade, nomeadamente a liberdade moral de me dispor à subordinação, transporto-a comigo.
A sociedade que me acolhe tem portanto que me dizer: «à teu dever ser igual a todos nós». E não pode acrescentar mais que isto: «Desejamos que tu, com toda a convicção, de tua livre e racional vontade, renuncies aos teus privilégios».
O nosso Ășnico passe de mĂĄgica consiste no facto de prescindirmos da nossa existĂȘncia para podermos existir.
A mais elevada finalidade da sociedade Ă© consequĂȘncia das vantagens que assegura a cada um. Cada um sacrifica racionalmente a essa consequĂȘncia uma grande quantidade de coisas. A sociedade, portanto, muito mais. Por causa da dita consequĂȘncia, a vantagem pontual de cada membro da sociedade anda perto de se reduzir a nada.