As Regras do MĂ©todo

(…) em vez desse grande nĂșmero de preceitos que constituem a lĂłgica, julguei que me bastariam os quatro seguintes, contanto que tomasse a firme e constante resolução de nĂŁo deixar uma sĂł vez de os observar.
O primeiro consistia em nunca aceitar como verdadeira qualquer coisa sem a conhecer evidentemente como tal; isto Ă©, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção; nĂŁo incluir nos meus juĂ­zos nada que se nĂŁo apresentasse tĂŁo clara e tĂŁo distintamente ao meu espĂ­rito, que nĂŁo tivesse nenhuma ocasiĂŁo para o pĂŽr em dĂșvida.
O segundo, dividir cada uma das dificuldades que tivesse de abordar no maior nĂșmero possĂ­vel de parcelas que fossem necessĂĄrias para melhor as resolver.
O terceiro, conduzir por ordem os meus pensamentos, começando pelos objectos mais simples e mais fåceis de conhecer, para subir pouco a pouco, gradualmente, até ao conhecimento dos mais compostos; e admitindo mesmo certa ordem entre aqueles que não se precedem naturalmente uns aos outros.
E o Ășltimo, fazer sempre enumeraçÔes tĂŁo complexas e revisĂ”es tĂŁo gerais, que tivesse a certeza de nada omitir.