A Verdade Ă© um Modo de Estarmos a Bem Connosco

Cada Ă©poca, como cada idade da vida, tem o seu secreto e indizĂ­vel e injustificável sentido de equilĂ­brio. Por ele sabemos o que está certo e errado, sensato e ridĂ­culo. E isto nĂŁo Ă© sĂł visĂ­vel no que Ă© produto da emotividade. É visĂ­vel mesmo na manifestação mais neutral como uma notĂ­cia ou um anĂşncio de jornal. Donde nasce esse equilĂ­brio? Que Ă© que o constitui? O destrĂłi? Porque Ă© que se nĂŁo rebentava a rir com os anĂşncios de há cento e tal anos?   (Rebentámos nĂłs, aqui há uns meses, em casa dos Paixões, ao ler um jornal de 186…). Mas a razĂŁo deve ser a mesma por que se nĂŁo rebentou a rir com a moda que há anos usámos, os livros ridĂ­culos que nos entusiasmaram, as anedotas com que rimos e de que devĂ­amos apenas rir. O homem Ă©, no corpo como no espĂ­rito, um equilĂ­brio de tensões. SĂł que as do espĂ­rito, mais do que as do corpo, se reorganizam com mais frequĂŞncia. Equilibrado o espĂ­rito, mete-se-lhe uma ideia nova. Se nĂŁo Ă© expulsa, há nela a verdade. Porque a verdade Ă© isso: a inclusĂŁo de seja o que for no nosso mecanismo sem que lhe rebente as estruturas.

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