Textos sobre Verdadeiros de Montesquieu

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Textos de verdadeiros de Montesquieu. Leia este e outros textos de Montesquieu em Poetris.

Que um Homem Tenha a Força de ser Sincero

A maior parte das pessoas, seduzidas pelas aparĂȘncias, deixam-se tomar pelos engodos enganadores de uma baixa e servil complacĂȘncia; tomam-na por um sinal de uma verdadeira amizade; e confundem, como dizia PitĂĄgoras, o canto das sereias com o das musas. CrĂȘem, digo eu, que produz a amizade, como as pessoas simples pensam que a terra fez os Deuses; em lugar de dizerem que foi a sinceridade que a fez nascer como os Deuses criaram os sinais e as potĂȘncias celestes.
Sim! É de uma força tĂŁo bruta que a amizade deve provir, e Ă© de uma bela origem a que tira de uma virtude que dĂĄ origem a tantas outras. As grandes virtudes, que nascem, se ouso dizĂȘ-lo, na parte da alma mais subida e mais divina, parecem estar encadeadas umas nas outras. Que um homem tenha a força de ser sincero, e vereis uma certa coragem difundida em todo o seu carĂĄcter, uma independĂȘncia geral, um impĂ©rio sobre si mesmo igual ao exercido sobre os outros, uma alma isenta das nuvens do temor e do terror, um amor pela virtude, um Ăłdio pelo vĂ­cio, um desprezo pelos que se lhe abandonam. De um tronco tĂŁo nobre e tĂŁo belo,

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Amizade Sem Sinceridade

Acredita-se ter encontrado um meio de tornar a vida deliciosa atravĂ©s da bajulação. Um homem simples que apenas diz a verdade Ă© visto como o perturbador do prazer pĂșblico. Foge-se dele porque nĂŁo agrada a ninguĂ©m; foge-se da verdade que ele enuncia, porque Ă© amarga; foge-se da sinceridade que proclama porque apenas traz frutos selvagens; tem-se receio dela porque humilha, porque revolta o orgulho que Ă© a mais estimada das paixĂ”es, porque Ă© um pintor fiel que nos faz ver quĂŁo disformes somos.
NĂŁo admira que seja tĂŁo rara: em toda a parte (a sinceridade) Ă© perseguida e proscrita. Coisa maravilhosa, ela encontra a custo um refĂșgio no seio da amizade.
Sempre seduzidos pelo mesmo erro, sĂł fazemos amigos para ter pessoas particularmente destinadas a nos agradarem: a nossa estima resume-se Ă  sua complacĂȘncia; o fim dos consentimentos acarreta o fim da amizade. E quais sĂŁo esses consentimentos? O que Ă© que mais nos agrada nos amigos? SĂŁo os contĂ­nuos elogios que lhes cobramos como tributos.
A que se deve que jĂĄ nĂŁo haja verdadeira amizade entre os homens? Que esse nome nĂŁo seja mais do que uma armadilha que empregam com vileza para seduzir? «É, diz um poeta (OvĂ­dio),

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