Passagens sobre Abelhas

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Frases sobre abelhas, poemas sobre abelhas e outras passagens sobre abelhas para ler e compartilhar. Leia as melhores citaçÔes em Poetris.

Campesinas V

De manhĂŁ tu vais ao gado
A cantar entre as giestas,
Com tuas graças modestas,
Correndo e saltando o prado.

E a veiga e o rio e o valado
Que todos dormem as sestas
Acordam-se ante as honestas
CançÔes desse peito amado.

As aves nos ares gozam,
Entre abraços se desposam,
No mais amoroso enlace.

E as abelhas matutinas
Que regressam das boninas
Voam, te em torno da face.

Elegia dos Amantes LĂșcidos

Na girĂąndola das ĂĄrvores (e nĂŁo hĂĄ quem as detenha)
Deixa de fora a tarde o vermelho que a tinge.
Se ao menos tu ficasses na pausa que desenha
O contorno lunar da noite que te finge!

Se ao menos eu gelasse uma corda do vento
para encontrar a forma exacta dum violino
Que fosse a sensibilidade deste pensamento
Com que a minha sombra vai pensando o meu destino

E nĂŁo houvesse o sono dum telhado
Entre ter de haver eu e haver o tecto;
E a eternidade nĂŁo estivesse ao lado
A colocar-nos nas costas as asas dum insecto

Meu amor, meu amor, teu gesto nasce
Para partir de ti e ser ao longe
A cor duma cidade que nos pasce
Como a ausĂȘncia de deus pastando um monge

Ah, se uma sĂșbita mĂŁo na hora a pique
Tangendo harpas geladas por segredos
Desprendesse uma aragem de repiques
Destes sinos parados pelo medo!

Mas sĂł porque vieste fez-se tarde,
Ou Ă© a vida que nasce jĂĄ tardia
Como uma estrela que se acende e arde
Porque nĂŁo cabe na rapidez do dia?

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No que diz respeito a geração de animais parecidos entre si, como zangĂ”es e vespas, os fatos em todos os casos Ă© que sĂŁo semelhantes a um certo ponto, mas os zangĂ”es sĂŁo desprovidos dos recursos extraordinĂĄrios que caracterizam as abelhas, o que devemos esperar; por que eles nĂŁo tĂȘm nada de divino como as abelhas tĂȘm.

No Amor Começa-se Sempre a Zero

Fazer um registo de propriedade Ă© chato e difĂ­cil mas fazer uma declaração de amor ainda Ă© pior. NinguĂ©m sabe como. NĂŁo hĂĄ minuta. NĂŁo hĂĄ sequer um despachante ao qual o premente assunto se possa entregar. As declaraçÔes de amor tĂȘm de ser feitas pelo prĂłprio. A experiĂȘncia nĂŁo serve de nada — por muitas declaraçÔes que jĂĄ se tenham feito, cada uma Ă© completamente diferente das anteriores. No amor, aliĂĄs, a experiĂȘncia sĂł demonstra uma coisa: que nĂŁo tem nada que estar a demonstrar coisĂ­ssima nenhuma. É verdade — começa-se sempre do zero. Cada vez que uma pessoa se apaixona, regressa Ă  suprema inocĂȘncia, inĂ©pcia e barbĂĄrie da puberdade. Sobem-nos as bainhas das calças nas pernas e quando damos por nĂłs estamos de calçÔes. A experiĂȘncia nĂŁo serve de nada na luta contra o fogo do amor. Imaginem-se duas pessoas apanhadas no meio de um incĂȘndio, sem poderem fugir, e veja-se o sentido que faria uma delas virar-se para a outra e dizer: «Ouve lĂĄ, tu que tens experiĂȘncia de queimaduras do primeiro grau…»

Pode ter-se sessenta anos. Mas no dia em que o peito sacode com as aurĂ­culas a brincar aos carrinhos-de-choque com os ventrĂ­culos,

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Males de Anto

A Ares n’uma aldeia

Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lĂĄ! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes nĂŁo ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ĂĄs vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de CamÔes!
Sei de cór e salteado as minhas afflicçÔes:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pĂ©s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, å noite, só, bebia a noite ås taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mĂŁos… Perdoae-me,
AldeÔes! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.

Mas, atravez da minha dor,

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