Mas esta não é a eternidade, é a danação.
Passagens de Clarice Lispector
1250 resultadosTenho meus limites. O primeiro deles é meu amor-próprio.
Me mato? Não. Vivo como bruta resposta. Estou aí para quem me quiser…
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
… Quando começa a ficar muito bom eu ou desconfio ou dou um passo para trás.
Sou apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer.
E então eu soube: pertencer é viver.
Por enquanto estou inventando a tua presença…
Aliás – descubro eu agora – eu também não faço a menor falta, e até o que escrevo um outro escreveria.
O personagem «leitor» é um personagem curioso, estranho. Ao mesmo tempo que inteiramente individual e com reacções próprias, é tão terrivelmente ligado ao escritor que na verdade ele, o leitor, é o escritor.
A personalidade que ignora a si mesma realiza-se mais completamente.
Para falar a verdade, nunca estive tão bem. Por quê? Não quero saber por quê.
A vida, meu amor, é uma grande sedução onde tudo o que existe se seduz. Aquele quarto que estava deserto e por isso primariamente vivo. Eu chegara ao nada, e o nada era vivo e úmido. GH 61
Ai que te amo e amo tanto que te morro.
Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la. De qualquer jeito suponho que você só aceitaria esse conselho. E acostume-se: o que você sentiu – sobre o que mais gosta no mundo – talvez tenha sido apenas à custa de não ter opinião precisa os grandes homens. Você terá que dar muita coisa para ter outras.
Minha história é de uma escuridão tranquila, de raiz adormecida na sua força, de odor que não tem perfume.
Ninguém me Ama a Ponto de Ser Eu
Fiz o que era mais urgente: uma prece. Rezo para achar o meu verdadeiro caminho. Mas descobri que não me entrego totalmente à prece, parece-me que sei que o verdadeiro caminho é com dor. Há uma lei secreta e para mim incompreensível: só através do sofrimento se encontra a felicidade. Tenho medo de mim pois sou sempre apta a poder sofrer. Se eu não me amar estarei perdida — porque ninguém me ama a ponto de ser eu, de me ser. Tenho que me querer para dar alguma coisa a mim. Tenho que valer alguma coisa? Oh protegei-me de mim mesma, que me persigo. Valho qualquer coisa em relação aos outros — mas em relação a mim, sou nada. É tão bom ter a quem pedir. Nem me incomodo muito se eu não for totalmente atendida. Eu peço a Deus para eu ser mais bonita — e não é que meu olho faísca ao mesmo tempo que meus lábios parecem mais doces e cheios? Eu peço a Deus tudo o que eu quero e preciso. É o que me cabe. Ser ou não ser atendida — isso não me cabe a mim, isto já é matéria-mágica que se me dá ou se retrai.
É uma infâmia nascer para morrer não se sabe quando nem onde.
Um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um só
Recuso-me a ser um fato consumado. Por enquanto sobrenado na preguiça.