DĂŞem, ricos! A esmola Ă© irmĂŁ da prece.
Passagens sobre Esmola
66 resultadosMales de Anto
A Ares n’uma aldeia
Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lá! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes nĂŁo ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ás vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Camões!
Sei de cór e salteado as minhas afflicções:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pĂ©s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, á noite, só, bebia a noite ás taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mĂŁos… Perdoae-me,
Aldeões! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.Mas, atravez da minha dor,
Escuta, não dou lições nem esmolas, quando eu me dou, é por inteiro
A esmola do desventurado Ă© a melhor aceite por Deus.
A esmola tanto avilta quem a dá como quem a recebe.
Bondade e Sabedoria devem ser Inocentes
Quando a bondade se mostra abertamente já nĂŁo Ă© bondade, embora possa ainda ser Ăştil como caridade organizada ou como acto de solidariedade. DaĂ: «NĂŁo dĂŞs as tuas esmolas diante dos homens, para seres visto por eles». A bondade sĂł pode existir quando nĂŁo Ă© percebida, nem mesmo por aquele que a faz; quem quer que se veja a si mesmo no acto de fazer uma boa obra deixa de ser bom; será, no máximo, um membro Ăştil da sociedade ou zeloso membro de uma igreja. DaĂ: «Que a tua mĂŁo esquerda nĂŁo saiba o que faz a tua mĂŁo direita.»
(…) O amor Ă sabedoria e o amor Ă bondade, que se resolvem nas actividades de filosofar e de praticar boas acções, tĂŞm em comum o facto de que cessam imediatamente – cancelam-se, por assim dizer – sempre que se presume que o homem pode ser sábio ou ser bom. Sempre houve tentativas de dar vida ao que jamais pode sobreviver ao momento fugaz do prĂłprio acto, e todas elas levaram ao absurdo.