Parte da originalidade dum escritor depende das fontes dos seus plágios. É preciso dominá-las bem para poder usá-las da maneira mais convincente.
Frases de Agustina Bessa-Luís
110 resultadosA cultura é o que identifica um povo com a sua finalidade.
A crueldade é um dom, se corresponde a uma denúncia da cobardia no seu todo, mas é um vício se é a consagração da parcialidade. A vingança é uma parcialidade. A desmesura é parcialidade. A grandeza é o todo.
Fim – o que resta é sempre o princípio feliz de alguma coisa.
Quem faz a História de um país pertence-lhe para sempre, não pode ser repudiado por ele, não pode ser chamado um estranho.
O homem faz tentativas duma obra, a mulher opera sem necessidade de completar alguma coisa. Ela é um ser completo, princípio e fim, lugar, caso, dispersão do conflito em que a própria morte se descreve, se anuncia.
O trabalho não é uma vocação, é uma inspiração. Para manter essa inspiração é preciso um espaço de criação, não só para o artista profissional como para o indivíduo em geral.
O medo faz as pessoas extravagantes, mas não as faz originais.
As mais belas civilizações tiveram um rápido declínio, exactamente porque elas foram demasiado longe na dissimulação.
Toda a obra escrita é a expressão dum conhecimento limitado. Mas todo o conhecimento limitado está aberto a novas particularidades, até que se apresente a súbita vontade de não ir mais longe.
Sendo que a vida humana é dominação organizada, e o princípio da realidade é adaptação a essa mesma dominação – há a rebeldia como actividade nobre.
Nada, na natureza, sofre; só suporta. Desse modo, a natureza comporta-se politicamente. Será justo imitá-la de vez em quando.
Em todos os grandes vencedores e nos que amam o poder encontra-se a seriedade que se explica por uma sobriedade de desejos. A aspiração mata o desejo. E a aspiração é um dos pontos cardeais do poder.
O amor é o invisível no habitual.
Os povos em busca de originalidade não existem; existem os funcionários da inteligência que julgam ir ao encontro das aspirações dos povos dando-lhes uma dimensão excepcional.
Dizem mal de tudo com uma insinceridade genial. Os Portugueses são a gente mais insincera que há. Por isso são raramente grandes artistas.
Na nossa sociedade, que se entende por permissiva, não há afinal homens exemplares. Há só leis que substituem o exemplo; há só alíneas morais que estão em vez dos actos reais e da sua humanidade.
As primeiras impressões não são decisivas. Às vezes são fatais mas não decisivas.
Para se remeter ao extraordinário, o homem tem que criar a sua própria solidão repartida com os outros homens.
Disciplinar os povos é sempre a ilusão frenética dos grandes revolucionários. Falham continuamente. Não se dominam as energias sociais do mundo senão na medida em que elas tendem a uma rotina que, por sua vez, deixe tranquila a «espontaneidade negativa» do homem.