Frases de Agustina Bessa-Luís

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Frases de Agustina Bessa-Luís. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

O ódio do poder, o ódio duma civilização vitoriana ou outra qualquer, é ainda uma forma de reconhecer-lhe direitos. Não se empurra pelas escadas abaixo uma imagem e o seu santuário, sem estarmos a declarar-lhes a sua virtude feudal.

Ao longo da minha experiência foi-me dado observar o comportamento das pessoas, e com isso fiz romances. Eles ficam, no entanto, muito aquém do que aconteceu, porque há uma coisa que se chama a timidez da alma, e o que nos é revelado pode ser-nos proibido também.

Eu acho que não há inteligência sem coração. A inteligência é um dom, é-nos concedida, mas o coração tem que a suportar humildemente, senão é perfeitamente votado às trevas.

Entre a obra de arte e a crítica há um abismo, porque a crítica é inteligência, e a obra é, mais ou menos esquivado ou completado, o impossível.

O importante é não perder o estilo, e, se possível, não perder o dinheiro também. Porque o estilo sem dinheiro é uma infiltração do mau gosto.

Parte da originalidade dum escritor depende das fontes dos seus plágios. É preciso dominá-las bem para poder usá-las da maneira mais convincente.

A crueldade é um dom, se corresponde a uma denúncia da cobardia no seu todo, mas é um vício se é a consagração da parcialidade. A vingança é uma parcialidade. A desmesura é parcialidade. A grandeza é o todo.

Quem faz a História de um país pertence-lhe para sempre, não pode ser repudiado por ele, não pode ser chamado um estranho.

O homem faz tentativas duma obra, a mulher opera sem necessidade de completar alguma coisa. Ela é um ser completo, princípio e fim, lugar, caso, dispersão do conflito em que a própria morte se descreve, se anuncia.

O trabalho não é uma vocação, é uma inspiração. Para manter essa inspiração é preciso um espaço de criação, não só para o artista profissional como para o indivíduo em geral.

Toda a obra escrita é a expressão dum conhecimento limitado. Mas todo o conhecimento limitado está aberto a novas particularidades, até que se apresente a súbita vontade de não ir mais longe.

Sendo que a vida humana é dominação organizada, e o princípio da realidade é adaptação a essa mesma dominação – há a rebeldia como actividade nobre.

Nada, na natureza, sofre; só suporta. Desse modo, a natureza comporta-se politicamente. Será justo imitá-la de vez em quando.

Em todos os grandes vencedores e nos que amam o poder encontra-se a seriedade que se explica por uma sobriedade de desejos. A aspiração mata o desejo. E a aspiração é um dos pontos cardeais do poder.