Frases Exclamativas de Florbela Espanca

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Quando um peito amargurado
Adora seja quem for,
Por muito infame que seja
Bendito seja esse amor!

É uma resposta aos que chamam ao suicídio um fim de cobardes e de fracos, quando são unicamente os fortes que se matam! Sabem lá esses pseudo-fortes o que é preciso de coragem para friamente, simplesmente, dizer um adeus à vida, à vida que é um instinto de todos nós, à vida tão amada e desejada a despeito de tudo, embora esta vida seja apenas um pântano infecto e imundo!

Tanta coisa bonita que me tem dito e como eu gosto que os amigos – mas sĂł os amigos… – me digam coisas assim bonitas!

Desde que o meu bem partiu
Parecem outras as cousas;
Até as pedras da rua
TĂŞm aspecto de lousas!

Quando por acaso as piso,
Perturba-me um tal mistĂ©rio!…
Como se pisasse Ă  noite
As pedras dum cemitĂ©rio…

NĂŁo sei se tens reparado
Quando passeia, o luar
Pára sempre à tua porta
E encosta-se a chorar;

E eu que passo também
Na minha mágoa a cismar
Paro junto dele, e ficamos
Abraçados a chorar!

Escreve-me! Ainda que seja sĂł Uma palavra, uma palavra apenas, Suave como o teu nome e casta Como um perfume casto d’açucenas!

Os meus males ninguĂ©m mos adivinha… A minha Dor nĂŁo fala, anda sozinha… Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!… Os males de Anto toda a gente sabe! Os meus… ninguĂ©m… A minha Dor nĂŁo cabe nos cem milhões de versos que eu fizera!…

Quem me dera um coração
Que por mim bata somente.
Dai-me essa esmola, Senhor,
Para que eu morra contente!

Eu tecerei uns sonhos irreais… Como essa mĂŁe que viu o filho partir; como esse filho que nĂŁo voltou mais!

Lembra-te que o tempo tudo consome. E se assim nĂŁo fosse, o que seria a nossa vida!? Um ermo cemitĂ©rio em que cada cruz representaria um morto sempre vivo! Completamente impossĂ­vel! Se o tempo consome o corpo dos que morrem, como nĂŁo consumir a lembrança deles? E se assim nĂŁo fosse, que vida seria a nossa!? Deus, dando-nos a dor, deu-nos tambĂ©m o esquecimento…

Se as minhas mĂŁos em garra se cravassem sobre um amor em sangue a palpitar… Quantas panteras bárbaras mataram sĂł pelo raro gosto de matar!

Abaixo sempre os meus olhos
Quando encontro o teu olhar;
De ver o sol de frente
Ninguém se pode gabar!

SĂŁo sempre os que eu recordo que me esquecem… Mas digo para mim: «nĂŁo me merecem». E já nĂŁo fico tĂŁo abandonada! Sinto que valho mais, mais pobrezinha: que tambĂ©m Ă© orgulho ser sozinha, e tambĂ©m Ă© nobreza nĂŁo ter nada!

Sou eu! Sou eu! A que nas mãos ansiosas prendeu da vida, assim como ninguém, os maus espinhos sem tocar nas rosas.

Tu julgas entĂŁo que eu ambiciono alguma coisa no mundo? Ainda me conheces pouco! Eu fatigo-me atĂ© de desejar; nada há neste mundo que me nĂŁo tenha cansado! Eu mais que ninguĂ©m compreendo o poeta: «Tout passe, tout lasse». E ainda tu julgas que eu me preocupo a desejar sucesso aos meus versos patetas!?… Se eu desejasse alguma coisa que deles me viesse, nĂŁo trabalhava!

O meu mundo nĂŁo Ă© como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angĂşstia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se nĂŁo sente bem onde está, que tem saudades… sei lá de quĂŞ!

Ă“ pavoroso mal de ser sozinha!
Ă“ pavoroso e atroz mal de trazer
Tantas almas a rir dentro da minha!

Estou tão magrita! A lâmina vai corroendo a bainha, a pouco e pouco, mas implacavelmente, com segurança. Devo ter por alma um diamante ou uma labareda e sinto nela a beleza inquietante e misteriosa das obras incompletas ou mutiladas.

Olha para mim, amor, olha para mim; Meus olhos andam doidos por te olhar! Cega-me com o brilho de teus olhos Que cega ando eu há muito por te amar.