Frases de José Luís Peixoto

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Frases de José Luís Peixoto. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Com a chuva, parece que quanto mais se olha para as nuvens, menos elas parecem dispostas a mandar alguma pinguinha de ĂĄgua. É assim com a maior parte das coisas. É quando a gente se esquece que, de repente…

O silĂȘncio Ă© como a recordação da mĂŁe para um ĂłrfĂŁo. O silĂȘncio Ă© como a recordação da mĂŁe para qualquer filho. O mundo Ă© pĂĄlido perante o silĂȘncio.

O espelho do nosso prĂłprio olhar serve sobretudo para nĂłs. É o mundo que tem a capacidade de nos definir. NĂłs definimo-lo a ele e, justiça simĂ©trica, ele define-nos a nĂłs.

Ainda bem que existem pessoas mais interessadas em barragens do que eu. SĂŁo essas pessoas que garantem a existĂȘncia dessas obras imensas que, quando nĂŁo agridem a natureza, sĂŁo um bem de grande valor para toda a gente, mesmo para aqueles que nunca se conseguiram interessar por barragens, como Ă© o meu caso.

Guardamos os segredos ao lado de tudo o que nĂŁo dizemos. Nesse grande sĂłtĂŁo escuro hĂĄ de tudo, hĂĄ aquilo que nĂŁo dizemos porque temos medo, porque temos vergonha, porque nĂŁo somos capazes; hĂĄ aquilo que nĂŁo dizemos porque desconhecemos, ignoramos mesmo, apesar de estar lĂĄ, em nĂłs. Os segredos nĂŁo sĂŁo assim. Eles estĂŁo lĂĄ, podemos visitĂĄ-los, assistir a eles, sabemos as palavras exactas para dizĂȘ-los e, muitas vezes, temos tanta vontade de contĂĄ-los. Mas escolhemos nĂŁo o fazer.

Eu preciso de escrever romances. Neste momento da minha vida escrever romances é algo que me faz sentir vålido e me då força para acordar de manhã, para fazer tudo o que não me apetece fazer.

HĂĄ certos movimentos que apenas sĂŁo possĂ­veis depois do inĂ­cio da primavera. Durante a invernia, o corpo esquece-os, mingua, endurece como as ĂĄrvores. Em maio, o corpo recorda esses movimentos, julga reaprendĂȘ-los e, ao fazĂȘ-lo, redescobre a sua verdadeira natureza.

Os segredos estĂŁo dento de nĂłs. Como tudo o que sabemos, tambĂ©m os segredos nos constituem. Quando os seguramos, quando somos mais fortes e os contemos, alastram-se em nĂłs. Desde dentro, chegam Ă  nossa pele. Depois, avançam atĂ© sermos capazes de os distinguir Ă  nossa volta. E, no silĂȘncio, somos capazes de os reconhecer. EntĂŁo, nesse momento, jĂĄ nĂŁo sĂŁo apenas os segredos que estĂŁo dentro de nĂłs, somos tambĂ©m nĂłs que estamos dentro dos segredos.