Frases de Mia Couto

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Frases de Mia Couto. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Não é a paz que lhe interessa. Eles se preocupam é com a ordem, o regime desse mundo. (…) O problema deles é manter a ordem que lhes faz serem patrões. Essa ordem é uma doença em nossa história.

Os seus olhos ganharam brilho num silencioso agradecimento: só é olhado pelo céu quem olha para as estrelas.

A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós.

Eu somos tristes. Não me engano, digo bem. Ou talvez: nós sou triste? Porque dentro de mim não sou sozinho. Sou muitos. E esses todos disputam minha única vida.

O jornalista atribui a si mesmo uma missão, e essa missão tem notáveis semelhanças com uma operação de guerra: trata-se de conquistar audiências, bombardear com notícias num tempo precioso e milimetricamente calculado. O jornalista está em cima do acontecimento como se o evento fosse um alvo preciso. O acontecimento é a presa dessa aranha que é o repórter, nessa teia noticiosa que dá a volta ao planeta.

Nascemos e choramos. A nossa língua materna não é a palavra. O choro é o nosso primeiro idioma.

Há mulheres que procuram um homem que lhes abra o mundo. Outras buscam um que as tire do mundo. A maior parte, porém, acaba por se unir a alguém que lhes tira o mundo.

Eis a armadilha da glória: quanto maior for a vitória, mais o herói será perseguido e cercado pelo passado. Esse passado devorará o presente. Nào importa quantas condecorações recebeu ou venha a receber: a única medalha que, no final, lhe irá sobrar é a triste e fatal solidão.

O culto de uma sabedoria livresca pode contrariar o propósito da cultura e do livro que é o da descoberta da alteridade.

O que me move é a vocação divina da palavra, que não apenas nomeia mas que inventa e produz encantamento.

O respirar dos adormecidos é um ruído que inquieta. Como se neles soasse uma outra alma.

Os nossos endinheirados dão uma imagem infantil de quem somos. Parecem crianças que entraram numa loja de rebuçados. Derretem-se perante o fascínio de uns bens de ostentação. Servem-se do erário público como se fosse a sua panela pessoal. Envergonha-nos a sua arrogância, a sua falta de cultura, o seu desprezo pelo povo, a sua atitude elitista para com a pobreza.

Vou contar a estória. Nem isso, pedaços da estória. Pedaços rasgados como as nossas vidas. Juntamos os bocados, mas nunca completa.

Os pobres não sentem o seu próprio cheiro. Não é a magreza mas o olfacto que distingue os miseráveis dos mais ricos.